[O post que se segue corresponde a um contributo anónimo. Mas que podia muito bem não ser. É também uma forma de "premiar" comentários interessantes e um pouco mais profundos que forem surgindo no "Circunvalação". Só espero que haja razões para o fazer mais vezes. Já agora, recordo que já alertei para o mesmo problema no post Rodeo no Parque]
Sobre a questão de construir nas franjas do Parque da Cidade sempre tive a opinião de que não é desejável construir nas áreas reservadas a espaços verdes de lazer. Já se percebeu que o Parque da Cidade é cada vez mais a "sala de estar e de lazer" da cidade do Porto, e, em certas épocas do ano, do Grande Porto. É uma mais-valia para mais de um milhão de pessoas que não podemos permitir que seja esquartejada como se de um pedaço de carne se tratasse. Até aqui estamos, em princípio, quase todos de acordo.
Mas temos de ser igualmente críticos para a leviandade e gravidade do que se passa, hoje, no topo ocidental do Parque com as pistas de aterragem de aviões. Porque é que tantos se preocuparam com as construções nas franjas do Parque e quase ninguém fala desta monstruosidade de asfalto barulhento? Já alguém se deu ao trabalho de analisar seriamente o que o Presidente Rui Rio decidiu fazer com as dezenas de milhares de metros de Parque destinados ao "queimódromo" e à pista de aterragem de aviões? Já mediram o que está em causa? Com o rigor que o "Live Search Maps" permite, medi mais de 50.000m2 de tapete de asfalto!!! Meus senhores, mais de 5 hectares do Parque da Cidade estão alocados ao "queimódromo" e à pista de aterragem de aviões. Será honesto alguém falar de construções nas franjas do Parque, que ocupavam menos de 20% desta área, e esquecer as mais de cinco dezenas de milhares de metros quadrados de asfalto que sua excelência decidiu construir sem "dar cavaco às tropas"?
Em termos de equilíbrio urbano qual é a situação mais gravosa para as cidades do Porto e Matosinhos? Estou certo que será a actual, pois não trouxe benefício para quase ninguém. Eu sei que as construções que estiveram previstas apenas beneficiam alguns privados: os que lá conseguissem construir e os que lá que conseguissem comprar casa. Sobre isto não há quaisquer dúvidas. E os 50.000m2 de asfalto beneficiam quem? São de uso público? Essa é que era boa. Nem com "crachat" lá entro!
Em resumo: quando se falar da asneira de construir no Parque da Cidade, fale-se também com o mesmo tom da asneira do "asfaltamento" de 50.000m2 que lá estão. Só assim a conversa tem sentido.
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