Esta foi a semana do contra-ataque no que diz respeito ao metro. Primeiro foram as estruturas partidárias socialistas a tentar contrariar o discurso bem sucedido de Rui Rio. Depois, um artigo de opinião do presidente da Metro do Porto. E, hoje, o mesmo Ricardo Fonseca, em entrevista ao JN, clarifica algumas perguntas que ainda estavam sem resposta.
A primeira e mais importante tem que ver com a autoria da proposta de expansão. Depois de ter sido atirada para o balde do lixo a rede desenhada pela Faculdade de Engenharia do Porto, ficamos a saber que a actual proposta foi elaborada pelos técnicos da metro. E que resulta, como se percebe, de opções políticas.
Outra pergunta que tinha ficado no ar era sobre o que fazer com a Avenida da Boavista. Ricardo Fonseca afinal já não remete uma linha de metro para daqui a 20 anos. Aconselha que a requalificação urbana avance no imediato. Sem contar com metro, nem agora nem nunca, nem sequer com o eléctrico. E até aconselha Rui Rio a fazer, em alternativa, uma ciclovia ao longo dos seus cinco quilómetros.
Uma entrevista interessante, mas que ainda assim deixa muitos pontos de interrogação e sérias dúvidas sobre o empenhamento deste Governo. Exemplo? O actual Conselho de Administração conseguiu avançar zero no que diz respeito à sustentabilidade financeira da empresa. É bom recordar que o peso da dívida bancária que resultou da construção da primeira fase é esmagador. Porque o projecto nunca beneficiou dos favores do Orçamento de Estado.
Igualmente a zero está outro crónico problema, que resulta em resultados negativos de exploração ano após ano. Ricardo Fonseca é claro, o problema das indemnizações compensatórias [a verba que o Estado assegura às empresas de transportes públicos, para que estas possam praticar preços comportáveis para os utentes] "é um dossiê que ainda não foi tratado com o Governo".
Igualmente complexo é o problema do prazo dilatado de investimentos previsto para a segunda fase da rede. O presidente do CA do metro limita-se a acreditar que será possível antecipar o cronograma. Mas trata-se de uma fé relativamente cega, porque sobre isso não é capaz de adiantar rigorosamente nada.
E esse é o verdadeiro problema. Mais do que linhas circulares por aqui ou por ali, mais do escolher entre Boavista e Campo Alegre, o que não se vislumbra é efectiva vontade de fazer, quando se atiram projectos até 2022. Pode ser um magnífico compromisso, mas este é um daqueles casos em que vale a pena citar S. Tomé: ver para crer.
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