quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O Constantino


A julgar pela publicidade que a Câmara de Matosinhos já fez publicar em alguns jornais, será a 15 de Novembro que se inaugura o Cine-Teatro Constantino Nery. E essa é uma boa notícia, porque uma cidade como Matosinhos precisa de uma sala de espectáculos pública. Embora esta não tenha que ter, em rigor, uma gestão pública.
Mais do que fazer um projecto, pagá-lo e fazer a obra, difícil mesmo é rentabilizar um investimento deste género. E não estou a falar de lucros. Antes da dificuldade de programar iniciativas culturais para os 365 dias do ano (366 dos anos bissextos).
Espero e desejo, aliás, que a programação que a autarquia está a publicitar para os primeiros 15 dias seja apenas um pequeno exemplo do que terá para mostrar nesse mesmo período. Porque o que está a publicitar é curto, muito curto. E não ocupa mais do que meia dúzia de horas num período de 15 dias.
O que conduz a que se levante a questão essencial: como e por quem deve ser gerido o Teatro Contantino Nery? Concordo com Guilherme Pinto, quando argumenta que dificilmente a autarquia terá condições para o fazer directamente e de forma eficaz. Mas já não concordo com a formação de mais uma empresa municipal, que apenas servirá para multiplicar custos, com os administradores, directores, chefes e demais desocupados que normalmente lhe estão associadas.
A solução mais equilibrada poderia muito bem ser a que chegou a ser pensada para o Teatro Rivoli, no Porto - apenas subvertida porque já estava decidido que a gestão seria entregue a Filipe La Féria, aparecesse quem aparecesse. Ou seja, a Câmara de Matosinhos devia abrir um concurso público para a entrega da gestão a uma empresa especializada, sendo que no caderno de encargos ficariam assegurados os critérios para os espectáculos, os preços, os períodos de utilização pública e gratuita, etc... Não estou a defender que num concurso deste género a Câmara deve partir do princípio que ainda pode amealhar uns cobres, ao contrário, acho que deve suportar boa parte dos custos, precisamente para garantir que os critérios serão os do interesse público e não os do lucro.
Diga-se, finalmente, que estar a discutir questões como esta a menos de um mês da inauguração do "Constantino" é, no mínimo, bizarro. Porque há muito que esta questão devia ter sido discutida e fechada. Como a Câmara não quis ou não soube fazer o trabalho de casa, a estratégia é errática. Ainda esta semana ficou decidido contratar uma empresa de trabalho temporário, para assegurar a contratação de pessoas que permitam o funcionamento do Teatro. Mas, pelos vistos, é só para seis meses. Depois, quem sabe, será uma empresa municipal. Ou não, vá lá saber-se. Amadorismo a mais que normalmente tem custos. Não faz mal, é com dinheiros públicos...

2 comentários:

Anónimo disse...

Posso dizer que sou de Matosinhos e já fiz chegar algumas vezes a algumas pessoas da CMM propostas para a realização de exposições (exposições que já estiveram noutras cidades com reconhecido sucesso, qualidade e sem custos) e a resposta foi sempre: não obter resposta. Agora se eu fosse amigo de um ex Vereador ou fizesse parte dos "Vintes" a porta estaria escancarada. Nem que fossem só esboços...

JOSÉ MODESTO disse...

Amigos tenhamos em mente o seguinte: A escolha do seu director deve obedecer a critérios de total Independência da Câmara ou ideologia Politica. A Escolha deve sobretudo obedecer á CULTURA simplesmente e nada mais.