quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Uma linha inteligente


O ministro Mário Lino tratará de o confirmar hoje, mas é praticamente certo que a Linha Ocidental [é o novo nome] do Metro do Porto já não será pela Boavista, mas pelo Campo Alegre. E o presidente da Câmara de Matosinhos foi o primeiro autarca a vir a terreiro dizer publicamente que se trata de uma solução "muito inteligente". E acrescentar que, depois do "congelamento" dos governos do PSD, teríamos agora um "arranque notável". E, finalmente, que com esta solução "todos poderiam ver satisfeitas as suas pretensões".

Três notas sobre estas afirmações:

1 - A solução pode ser "muito inteligente", mas, nem por acaso, no único estudo de viabilidade que se conhece, o que está escrito é que a Linha da Boavista acrescentaria mais 1114 passageiros em cada hora de ponta da manhã. Já a Linha do Campo Alegre acrescentaria 869 clientes por cada hora de ponta da manhã. A não ser que a Câmara de Matosinhos tenha estudos que mais ninguém tem, não estou a ver a inteligência da decisão.

2 - Na política como em tudo, não deve atirar pedras ao vizinho quem tem telhados de vidro. O Governo do PS já vai no quarto ano de mandato e a única coisa que fez, até agora, foi deixar "congelado" aquilo a que solenemente se comprometeu. Por outro lado, e que se saiba, os autarcas não são eleitos para defender os interesses do Governo, ainda que seja um da sua cor partidária, mas para defender os interesses dos munícipes que os elegeram.

3 - Não percebo que "pretensões" é que estão a ser "defendidas" com esta "inteligente" solução. Mas suspeito que se trata apenas das pretensões do líder distrital dos socialistas, Renato Sampaio, há vários anos defensor, contra tudo e contra todos, da solução pelo Campo Alegre. Mais uma vez, ainda que correndo o risco de me repetir, não me lembro que no programa de candidatura à autarquia matosinhense Guilherme Pinto tenha incluído um capítulo em que se comprometia a assumir a defesa das pretensões dos directórios partidários.

Resumindo, perdeu uma boa ocasião para medir melhor as palavras. Curiosamente, mais ninguém abriu a boca.

Dito isto, acrescento que a Linha da Boavista sempre me pareceu, mais do que uma necessidade urgente, uma urgente necessidade de apresentar obra. E que portanto sempre se esteve longe de assegurar que justificaria gastar dezenas de milhões de euros para a construir. O mesmo acontece agora com esta variante do Campo Alegre, que será ainda mais cara. Podem fazer os estudos que quiserem. Seja qual for a opção, vai sempre soar a algo que resulta do capricho e da guerrilha paroquial.

2 comentários:

Anónimo disse...

Para não variar, o presidente da CMM, defende José Sócrates, contra tudo e contra todos, em detrimento de Matosinhos e do Norte do pais.
Ainda recentemente foi o primeiro a vir defender e assinar o acordo que passa a responsabilidade da gestão das escolas para as autarquias, mesmo antes da Associação nacionl de municipios tomar uma posição. É o verdadeiro avançado fura redes, pena é que quem fica a perder é Matosinhos.
Gostava tambem de referir que este mau desempenho do presidente da CMM tem sido muito bem disfarçado, pelo seu acessor de imprensa que consegue manobrar os jornais como quer, ainda recentemente tivemos uma inauguração com toda a pompa e circunstancia em leça da palmeira, uma obra por acabar, e quando li a noticia publicada no JN, qual não foi o meu espanto com a fotografia publicada que dizia respeito à fas anterior de obra, e que já se encontra em funcionamento à quatro anos, e nem uma referencia ao estaleiro em que se encontrava a parte final da nmarginal que estava a ser inaugurada...
Chama-se a isto controlar a imprensa, o que a mim não me surpreende pois a nivel nacional tambem o governo o faz diariamente, agora em termos jornalisticos estamos muito mal servidos!!!

carloscalbrandao disse...

Caro Rafael Barbosa:
Não sendo (como sabe) especialista destas matérias, e não querendo fazer a defesa nem do Presidente da Câmara nem do da Federação nem do Governo, parece-me que uma linha que passe pelo Campo Alegre será muito mais útil e servirá muito mais pessoas.
Aquela zona é mais densamente povoada, e por pessoas com menores condições económicas do que as que vivem na Av. da Boavista.
Serve a Universidade Católica e o Polo Universitário.
Dá acesso ao Hospital de St.º António e ao centro da cidade, enquanto a outra apenas serve o monumento à Guerra Peninsular (e a Casa da Música).
Haverá outras razões, mas penso que estas bastarão.
Não obsta a que a decisão tenha também como objectivo «entalar» o Dr. Rio; mas há que reconhecer que foi ele que se expôs inutilmente.
E, finalmente, fazendo esta linha salvam-se as obras já feitas pela Metro em Matosinhos, que em caso contrário teriam de ser pagas.