domingo, 30 de dezembro de 2007

Das Finanças para a Luz

Para encerrar (por agora) o capítulo do financiamento público ao futebol, vou só partilhar mais algumas informações, não muito importantes, mas sempre interessantes. O acordo conseguido, na sexta-feira, entre as Finanças e o Leixões, implicou o pagamento de 50 mil euros pelo Clube e outro tanto pela SAD. E ainda a garantia de que se seguirão pagamentos de 40 mil euros durante os meses de Janeiro, Fevereiro e Março. De onde é que jorraram, assim sem mais nem menos, os 100 mil euros já pagos é que não vos consigo dizer. Não me consta é que tenha sido do bolso do Carlos Oliveira. De qualquer forma, e depois da mensagem publicamente enviada pela autarquia ao Leixões - "não interessa o que o clube faz ao dinheiro" -, os dirigentes não terão problemas em usar o subsídio, não para pagar as obras, mas para pagar ao Fisco. O que não deixa de ser irónico - o Estado paga ao Estado, não sei se estão a ver. Ou então para pagar algum salário em atraso. E na verdade, nesta matéria o que começa a ser importante, até porque a data se aproxima, é ganhar ao Benfica já daqui a duas semanas. Vamos lá a ver se consigo arranjar maneira de sar um salto à dita catedral, para ajudar os mouros a perceber quem são os de Matosinhos. Olé.

sábado, 29 de dezembro de 2007

O fisco a ler jornais

E ainda dizem que a bola é redonda. Em Matosinhos, garanto-vos, é quadrada. Ou seja, para quem não esteja familiarizado com este lugar-comum do futebolês, joga-se, mas joga-se mal. Ora reparem. Parecia a coisa toda bem organizada para entregar a massa ao Leixões, sem oposição da oposição, quando alguém do Fisco se pôs a ler jornais. E logo em Dia de Natal. É preciso ter azar. E que foram ler esses tipos assustadores e sem rosto? Que a Câmara cá do burgo se preparava para enviar 500 mil euros para o clube da terra. E qual é esse clube? O Leixões, que, gabava-se recentemente o actual gestor, já não devia dinheiro a ninguém. Os tipos lá das Finanças é que não tinham a mesma opinião. Vai daí, toca de notificar a Câmara. Se o subsídio fosse aprovado, tinham de cativar o dinheiro e remetê-lo para as Finanças. À conta das dívidas do Clube e da SAD, que não existiam, mas afinal existem. Bela embrulhada. A "task force" reuniu e começou a procurar solução. Serviços jurídicos para aqui, visitas às Finanças para ali, e lá se encontrou uma solução mágica qualquer. As dívidas foram sanadas, o acordo selado, e o Fisco retirou a caução. O protocolo aprovou-se, o dinheiro segue dentro de momentos.
Para terminar, um momento sério. Uma citação de Guilherme Pinto sobre esta questão. Nem aprofundo comentários, limito-me a dizer que não acredito - sem ironia - que o próprio acredite no que disse: "O que o clube faz ao dinheiro não me interessa. Pode até ser para pagar salários em atraso aos jogadores. O que sei é que pediram apoio à Câmara para custear as obras e todos podemos verificar que essas obras estão feitas. Esta é a única questão com a qual a Câmara tem de se preocupar". Importa-se de repetir?

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Câmara, Futebol SAD

Vamos lá a esclarecer melhor as participações cruzadas da Câmara de Matosinhos e do Leixões. Foi em 2002 que se constituiu a SAD do Leixões. Foi portanto no consulado de Narciso Miranda que a autarquia se tornou accionista, com uma “quota” de 200 mil euros (20% de um capital de um milhão de euros). Em resultado disso, Guilherme Pinto, então “vice” na Câmara, tomou um lugar como administrador.Três anos depois, em Dezembro de 2005, já com Narciso afastado, foi o actual Executivo, liderado por Guilherme Pinto, a decidir reforçar com 600 mil euros a sua participação na SAD.Reforçar… é uma maneira de dizer, porque, ao que me explicam, o que aconteceu é que se usou um “esquema” em que as dívidas absorveram o capital, o que fez encolher o capital inicial de um milhão para 50 mil euros.Confusos? Também eu, mas foi nesse contexto que a Câmara de Matosinhos avançou com mais 600 mil euros dos impostos dos contribuintes para o futebol profissional. Os restantes accionistas avançaram com o restante até o capital perfazer três milhões de euros.Avançaram… é uma maneira de dizer, porque, ao que me explicam, verdadeiramente em “cash” a SAD do Leixões só viu entrar o dinheiro dos contribuintes. O resto do capital, entre Leixões Clube, Manuel Carvalho e pequenos accionistas como José Teixeira, foi realizado com o perdão de dívidas. Quais dívidas? Provavelmente algumas jantaradas que ficaram por pagar nalguma marisqueira…Como se este cenário não fosse já suficiente, levamos agora, como já se disse abaixo, com a notícia de que a Câmara se prepara para aprovar mais um subsídio de 815 mil euros para pagar as obras do Estádio do Mar (503 mil em “cash”, mais 161 mil de perdão de uma dívida, mais 150 mil que já tinham sido entregues, mas não gastos, para as torres de iluminação).Posso ainda acrescentar que em 2006 e 2007 a autarquia entregou ao clube, ou à SAD, vá lá saber-se, 250 mil euros por ano, a título de ajuda à formação. E pelo menos temos o Bruno China a jogar a titular, sendo que o rapaz tem força e raça que justificam cada cêntimo de subsídio.Mas para o caso de alguém achar pouco, explicam-me ainda que o “outdoor” que anuncia o Mar à Mesa (o que quer que isto seja) no Estádio do Mar, custa à Câmara a módica quantia de 200 mil euros por ano. E ainda acresce mais 50 mil para anunciar a mesma coisa no autocarro do clube. Como este “patrocínio” encapotado será válido por cinco anos, ao todo, o “Mar à Mesa” vai render ao Leixões a módica quantia de um milhão de euros. Já para os contribuintes, não consigo perceber onde está o rendimento.Para terminar, deixem-me só citar Fernando Ruivo, coordenador do Observatório dos Poderes Locais, a propósito destes interesses cruzados entre autarquias e clubes de futebol profissional, que aliás a legislação permite: “Um golpe de rins muito bem feito”.Estou a pisar solo sagrado, como ironiza o Eugénio? Quero cá bem saber. Sou adepto e sócio do Leixões, mas acho que os cidadãos não têm de ajudar a pagar os meus prazeres tribais. E se, porque entretanto imperasse a sanidade, saindo a Câmara da SAD, isso implicasse uma descida de divisão, eu lá continuaria a ir ao Mar. Não sei se será assim com toda a gente.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Ninguém tem um apito?

Quando, num mesmo contexto, ouço falar de autarquias e futebol, passam-me logo pela cabeça imagens como o Major Valentim e o seu roupão do Apito Dourado ou a “brasileira” Fátima do Saco Azul de Felgueiras. Não são imagens simpáticas. Imaginem, pois, a minha contrariedade quando alguém me recorda, por palavras ou actos, que em Matosinhos este cruzamento entre autarquia e futebol é bem real. Vá lá, concedo, pelo menos temos personagens com mais estilo do que em Gondomar e Felgueiras – se exceptuarmos aquela senhora loira platinada, filha do rei das lulas, ou lá o que é, que às vezes se anda a pavonear pelo Estádio do Mar.Vem esta arenga a propósito dos 503 mil euros de impostos dos contribuintes que, na reunião de Câmara de amanhã, receberão guia de marcha para a conta bancária do Leixões. E atenção, são “só” 503 mil euros, porque se desconta ao subsídio os 161 mil euros que o clube devia à autarquia, bem como os 150 mil euros que já tinham sido entregues há cinco anos (!?) para instalar as torres de iluminação. Ou seja, feitas as contas são, no total, 815 mil euros para a SAD, perdão, para o clube, para pagar as recentes obras de renovação.Pergunto eu - que sou leixonense, com quotas em dia, presença assídua no Mar e em alguns jogos fora - pergunto eu, por alma de quem os munícipes, sobretudo os que não são do Leixões, e ainda mais os que não gostam de futebol, têm de suportar estes delírios? A Câmara explica que o Leixões proporciona actividade a centenas de atletas, mas sabe bem que isso é desculpa de quem tem problemas de consciência. As obras no Estádio beneficiam, exclusivamente, os atletas profissionais e o público que lá vai assistir aos jogos. E não estamos a falar de espectáculos de acesso livre, paga-se bilhete, dão lucro e são organizados por uma empresa (a SAD do Leixões).Claro que esta questão remete para outra, igualmente grave, na minha opinião. A Câmara de Matosinhos é accionista da SAD do Leixões e já lá injectou 800 mil euros, ainda no tempo de Narciso Miranda. No tempo em que Guilherme Pinto era “vice” na Câmara e administrador na SAD. Presumo que para pagar salários e contratar jogadores, que é para o que servem as SAD.Não consigo perceber o interesse público de nada disto, seja da participação accionista, seja do subsídio para uma actividade profissional. E acho até que merecia um olhar atento de quem legisla. Se não há bom senso, pois que se proíba com todas as letras. Para terminar, só um bocadinho de demagogia barata – os 800 mil euros que os nossos vereadores (todos, porque a CDU e o PSD alinham na jogada) vão dar à SAD, perdão, ao clube, serviam para remodelar e ampliar uma das muitas escolas que por aí estão, sobrelotadas e com as crianças a aprender em contentores.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Democracia carinhosa

Afinal já não somos uma "Terra de Horizonte e Mar". Agora estamos numa de "Matosinhos Mar, Movimento e Cultura". E agora, como é que se fazem trocadilhos com isto? A indignação atingiu-me em cheio quando lia uma excelente peça intitulada "Plano de Actividades e Orçamento 2008", concretamente na parte em que o presidente da Câmara faz a introdução ao tema. Devo desde já avisar que ainda só cheguei à página 9 deste calhamaço digital, por isso só posso comentar coisas verdadeiramente importantes, que estão logo no arranque. Como por exemplo as geminações. E tenho uma 'cacha' para vos dar, promete-se um "novo fôlego" nesta área (não, não diz nada sobre eventuais viagens), graças a um projecto qualquer com Mansoa, na Guiné Bissau. Mas atenção, não julguem lá os pretinhos que as festinhas são todas para eles. Vem no documento, e eu acredito, que haverá "carinho" para todas as cidades geminadas. Na minha opinião isso pode ser bom ou mau para os indígenas, consoante o vereador ou vereadora que lá mandarem, mas não quero ser acusado de sexismo. A outra coisa importante referida logo no arranque do documento é que a revista municipal ameaça chegar a casa de todos os cidadãos. Sim, aquela que mais abaixo um tal de Queirós, invejoso, diz que só tem propaganda. Eu não acredito que seja como ele escreve. Até a julgar pelo naco de prosa que se segue. Explica-se que a revista "só faz sentido se a mensagem que ela transmite for democraticamente abrangente". Pensei eu, vão acolher nas páginas as críticas da oposição, as opiniões divergentes do actual poder municipal, blá, blá, blá. Mas não é bem isso. Abrangência democrática, pelos vistos, é que "chegue a todas as ruas, a todos os prédios, a todos os bairros, a todas as freguesias". Fiquei siderado. A minha concepção de abrangência democrática é bem diferente. Mas devo ser eu que sou esquisito. Quem mais se vai importar com o facto de a autarquia estar a ignorar as vielas, as travessas, as pracetas e as moradias em banda?

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Chaves e ranho

"Uma casa no sapatinho". Quando vi o título do 'Matosinhos Hoje', apeteceu-me logo insultar alguém. Espectáculo miserável. Ponto de exclamação. Durante anos, Narciso Miranda usou e abusou da fórmula. Pelos vistos ninguém aprendeu nada entretanto. O original já era mau, a cópia é pior. Eu explico. Como se já não bastasse juntar numa sala um bando de desgraçados, chamá-los à vez para entregar a chave, fazer de conta que se tem o cidadão em grande estima, passar-lhe um sermão para cuidar do casinhoto, que a mais das vezes não vale um caracol, e ainda fotografá-los abundantemente, sobretudo se forem crianças e estiverem ranhosos... Como se isto não bastasse, agora entregam-se as chaves uma segunda vez. Ponto de exclamação e irritação. Ou seja, temos os mesmos desgraçados, voltam a ser chamados à vez, testemunha-se de forma pomposa a grande estima pelo cidadão, fotografam-se as crianças, com ou sem ranho, e passam-lhes o sermão para cuidar da casa que, já não bastava não valer, a mais das vezes, um caracol, ainda por cima é em segunda mão. Guilherme Pinto disse que preferia levar a cabo este tipo de cerimónia de "forma mais íntima e pessoal". Eu acredito. Mas, imaginem o azar, alguém chamou os jornalistas. Ponto de interrogação. Não era razão para adiar, fez-se mesmo assim. Sugestão: quando aquela malta deixar de pagar a renda, como aconteceu com os inquilinos anteriores, vamos organizar uma sessão pública para retirar as chaves aos tipos que costumam dar as chaves.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Sondagem

Narciso Miranda / Independente 45,5%
Guilherme Pinto / PS 23,8%
João Sá / PSD 18,9%
Honório Novo / CDU 7%
Gonçalo Torgal / BE 4,8%
Estes são os resultados de uma sondagem efectuada pela Eurosondagem, em Matosinhos, no passado mês de Julho. Teve 1010 entrevistas validadas e tem uma margem de erro de 3%. Ninguém me contou. Eu estive a ler. De outro modo não a publicaria aqui. Fiquei, como muitos provavelmente ficarão, surpreendido. Sem mais comentários, aqui ficam as perguntas e os resultados completos. Cada um faça agora a sua leitura.
Gostaria que Narciso Miranda regressasse ao cargo de presidente da Câmara Municipal de Matosinhos?
- Sim – 55%
- Não – 31,8%
- Não sabe/não responde – 13,2%
Concorda com a candidatura de Narciso Miranda, agora como independente?
- Sim – 60,4%
- Não – 26,6%
Não sabe/não responde – 13%
Se Narciso Miranda voltar a ser candidato a presidente da Câmara…
- Vota a favor – 47,5%
- Vota contra – 37,6%
- Não sabe/não responde – 14,9%
Se as eleições para a presidência da Câmara Municipal de Matosinhos se realizassem hoje, em quem votaria? (intenções directas de voto, sem ponderação)
- Narciso Miranda / Independente – 37,9%
- Guilherme Pinto / PS – 19,8%
- João Sá / PSD - 15,7%
- Honório Novo / CDU - 5,8%
- Gonçalo Torgal / BE - 4%
- Não sabe/não responde - 16%
E finalmente os resultados ponderados, que são os que estão no arranque deste post. Para os que estranharem os candidatos, são os mesmos que concorreram nas últimas eleições, os únicos que por enquanto os matosinhenses reconhecem.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

GPS democrático

Já nem me lembrava que Matosinhos tem um representante na Metro do Porto. Isto se acharmos que para representar o povo não é necessário estar em sintonia com o poder autárquico. Ou se acharmos que os dois personagens desta história se entendem por sinais de fumo, como dizia o outro. Também se pode dar o caso de nenhum deles representar Matosinhos em lugar nenhum, mas isso já seria ser maledicente. Por outro lado, e por falar em representações, Matosinhos também tem representação na SAD do Leixões. Ou será o contrário? Tenho quase a certeza que o Leixões está representado na Câmara de Matosinhos. Provavelmente é tudo uma questão de apelidos. Ou de maledicência. Não era para falar de nada disto, juro, só queria referir as novas linhas de metro. Deu-me para estas charadas. Por isso, aqui ficam as referências toponímicas, embora completamente desordenadas: Fernando Rocha, Carlos Oliveira, Guilherme Pinto, Narciso Miranda, Nuno Oliveira. Não perceberam nada? Comprem um Tom-tom, aquele dos anúncios da torradeira que queria ser GPS.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

O ovo podre

"Um excelente quadro político..." "Vai trazer criatividade, imaginação e ambição..." "A pessoa certa para o lugar certo..." E, finalmente, o meu elogio preferido, "É um matosinhense de gema..." Não sei como é com vocês, mas eu, só de reler esta tralha, rio-me como um perdido. Excepto com a última frase, em que até me vêm as lágrimas aos olhos. É isso mesmo, já adivinharam, são elogios de Narciso Miranda a Guilherme Pinto, uns meses antes das eleições autárquicas de 2005. A paz podre, sabemos agora, durou pouco. Supeito que o "filho" já não conseguirá dizer do "pai" que este foi "o melhor autarca do país de todos os tempos". Em Matosinhos a realidade ultrapassa sempre a ficção: a norma é que, em política, o filho "mate" o pai, mas por cá o "pai" também mata o "filho". Para voltar à "vaca fria" do Eugénio - a Petrogal - atentem só nesta frase galhofeira de Narciso sobre Guilherme, no final de mais um dia de fumaça e sirenes: "[A Petrogal] devia ouvir os trabalhadores, os que andam diariamente de fato-macaco, garantindo a segurança das instalações, e não os que aparecem com ele vestido quando aparece a comunicação social" [ponto em que convém lembrar que o nosso actual presidente trocou o fato de autarca pelo fato-macaco da Galp, por ocasião do penúltimo foguetório na refinaria]. Meus caros, um conselho, estejam atentos, que isto nos próximos tempos vai ser muito divertido.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Nacional porreirismo

Nem xus nem mus. Não sei se é assim que se escreve, mas posso traduzir: é uma expressão que se usa quando alguém que devia dizer alguma coisa opta por ficar calado. No caso a expressão remete para o mais recente incêndio da refinaria de Leça da Palmeira e para a mudez dos responsáveis autárquicos e sobretudo do presidente da Câmara. É uma péssima altura para ficar calado, mas percebo o dilema. Soaria um pouco mal inverter, de repente, o discurso da palmadinha nas costas, mas também começaria a ser temerário voltar a pôr a cabeça no cepo pela segurança daquela chafarica. Cala-se o poder municipal, mas não o das freguesias. Se não defendessem os fregueses, para que serviriam? Destaco o presidente da Junta de Leça da Palmeira, Pedro Tabuada: "Isto é o nacional porreirismo em que ninguém tem culpa".

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Borlas aos empreiteiros

"Inspecção acusa Câmara de cobrar pouco aos empreiteiros", titula a primeira página de hoje do JN. É uma forma de ver as coisas. Pelos vistos diferente da interpretação do presidente da nossa Câmara. Que prefere a versão de que aumentar as taxas prejudicaria o mercado. Só se pode classificar o argumento como ingénuo. Taxas municipais de urbanização (TMU) mais baixas não significam preços mais baixos para quem compra casa, significam, isso sim, lucros maiores para os promotores imobiliários. A intenção até pode ser boa, o resultado é que não condiz. Ou alguém se tem apercebido de um abaixamento de preços ali para os lados de Matosinhos-Sul, de Leça da Palmeira ou de Perafita/Angeiras/Lavra? Se for esse o caso façam o favor de me avisar, estou comprador. Já agora, a acusação de desperdício é da Inspecção Geral de Finanças, a "besta negra" dos autarcas deste país. Eu pelo menos conheço alguns que só de ouvirem falar nestes tipos ficam com os cabelos em pé e começam a espumar-se. Só para terminar, sugiro a Guilherme Pinto que volte a subir as taxas que cobra aos empreiteiros e, em sentido contrário, que abdique de parte do nosso IRS. Pois é, as câmaras já podem fazer isso, sabiam? E isso sim terá boa repercussão no mercado de cada um.

Petrogal a arder

Estava eu sentado a digerir o almoço (vantagens de estar de folga à semana) quando fui assombrado, outra vez, por colunas de fumo negro que saiam da refinaria da Petrogal. Ainda não sei nada, ou quase nada, sobre o que se passou, mas retive duas informações que passavam na Sic Notícias. Uma, a de que a direcção da Galp não sabia nem o local nem a origem do incêndio. Não me surpreende, os homicidas também não gostam de partilhar com os outros os pormenores do crime. Retive igualmente que a fogachada se deu no mesmo local em que ocorreu o penúltimo incêndio, ou seja, próximo do que eles chamam bacias de retenção (a informação, como se percebe, não era oficial). Que supostamente deviam servir para reter água, mas que pelos vistos são de "pitroil". Mas já não há vergonha na cara? Não sei quem é o director da refinaria, mas ainda não o demitiram? E já agora outra pergunta, será que o presidente da Câmara de Matosinhos deu outra vez uma de porta voz oficioso e vestiu o fato-macaco da Galp? As próximas horas esclarecerão isto tudo...