sábado, 29 de dezembro de 2007

O fisco a ler jornais

E ainda dizem que a bola é redonda. Em Matosinhos, garanto-vos, é quadrada. Ou seja, para quem não esteja familiarizado com este lugar-comum do futebolês, joga-se, mas joga-se mal. Ora reparem. Parecia a coisa toda bem organizada para entregar a massa ao Leixões, sem oposição da oposição, quando alguém do Fisco se pôs a ler jornais. E logo em Dia de Natal. É preciso ter azar. E que foram ler esses tipos assustadores e sem rosto? Que a Câmara cá do burgo se preparava para enviar 500 mil euros para o clube da terra. E qual é esse clube? O Leixões, que, gabava-se recentemente o actual gestor, já não devia dinheiro a ninguém. Os tipos lá das Finanças é que não tinham a mesma opinião. Vai daí, toca de notificar a Câmara. Se o subsídio fosse aprovado, tinham de cativar o dinheiro e remetê-lo para as Finanças. À conta das dívidas do Clube e da SAD, que não existiam, mas afinal existem. Bela embrulhada. A "task force" reuniu e começou a procurar solução. Serviços jurídicos para aqui, visitas às Finanças para ali, e lá se encontrou uma solução mágica qualquer. As dívidas foram sanadas, o acordo selado, e o Fisco retirou a caução. O protocolo aprovou-se, o dinheiro segue dentro de momentos.
Para terminar, um momento sério. Uma citação de Guilherme Pinto sobre esta questão. Nem aprofundo comentários, limito-me a dizer que não acredito - sem ironia - que o próprio acredite no que disse: "O que o clube faz ao dinheiro não me interessa. Pode até ser para pagar salários em atraso aos jogadores. O que sei é que pediram apoio à Câmara para custear as obras e todos podemos verificar que essas obras estão feitas. Esta é a única questão com a qual a Câmara tem de se preocupar". Importa-se de repetir?