sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Tiro de partida

Guilherme Pinto deu ontem o tiro de partida para a campanha eleitoral autárquica. É claro que, na prática, ela começou há alguns meses, mas foi o "mega" jantar de ontem, no Pavilhão de Desportos e Jantares de Matosinhos [acho este nome mais apropriado que o de Desportos e Congressos] a marcar oficialmente a data.
Mais do que as 1700 pessoas que ajudaram a compor o cenário, o que se pôde perceber é que o PS está a cerrar fileiras e que, durante os próximos meses, vários pesos pesados do partido vão passar por aqui, para discurso e foto ao lado do actual presidente.
E isto é assim, obviamente, por uma questão de Poder. As perspectivas eleitorais autárquicas para o PS, ao nível da Área Metropolitana do Porto, não são, para já, famosas. E perder Matosinhos seria uma verdadeira catrástrofe a que nenhum dirigente vai querer estar associado. Como o adversário, Narciso Miranda, sai da mesma área e promete uma luta duríssima e divisão de votos, cerram-se fileiras.
Mesmo não tendo sido nomeado, a sombra de Narciso pairou, do princípio ao fim, no jantar de arranque da campanha. A começar por Guilherme Pinto, passando por Renato Sampaio, para acabar em Ana Paula Vitorino. "Não há uma única razão para não estar presente, a não ser as que ele próprio inventou", disse Guilherme, fintando com habilidade, diga-se, a pergunta que os jornalistas não deixaram de lhe fazer.
O discurso mais encomiástico para a actual gestão acabou por ser o de Renato Sampaio, líder distrital [que deverá revalidar mandato dentro de dias], que, mais do que todos, coloca a cabeça no cepo. Não foi de modas. Guilherme Pinto, disse, "é um dos mais brilhantes quadros do PS e o mais prestigiado dos autarcas da nova geração" [um conceito um pouco distorcido do conceito de nova geração]. Mais, um autarca que recusa "protagonismo pessoal e político" [indirecta para Narciso].
E depois esteve também Ana Paula Vitorino, a secretária de Estado que vai tentando conquistar protagonismo a Norte com o dossiê do metro [embora se duvide que seja um protagonismo que valha votos], e que decidiu atribuir a Guilherme Pinto méritos que ele não tem. Como o do terminal de cruzeiros de Leixões [projecto virtual e de interesse duvidoso] e a plataforma logística de leixões [exemplo de um projecto que se anuncia demasiadas vezes para tão pouco que se vê]. Para já não falar de achar que construir um shopping, mesmo que tenha um nome "fashion" como a Ikea, é um feito assinalável.
E finalmente Ana Paula Vitorino salientou o contributo de Guilherme Pinto na definição da proposta de traçado metro para a segunda fase. O problema é que esta informação não condiz com a que veio a público antes. Como se costuma dizer, em tempo de guerra não se limpam armas. Se for verdade, significa ainda que para a governante é mais importante o contributo secreto de um autarca membro do partido do que o contributo público dos autarcas membros da administração do metro. Chama-se a isto partidarizar a administração pública. Mais uma vez, que importa isso? O que é preciso é ganhar.
Para além das figuras presentes já citadas, estiveram também Manuel Pizarro, Manuel dos Santos, Castro Fernandes ou Manuel Maia. E acrescentam-se à lista outros nomes grados do PS. Que não apareceram, mas enviaram mensagem, como Fernando Gomes, António Costa e José Lello. Acabando como se começou, está dado o tiro de partida. E há muita munição em todas as barricadas. Vão ser meses reveladores.

5 comentários:

Anónimo disse...

Esqueceu a mensagem importante de José Sócrates. Esqueceu o facto de se juntarem 1700 pessoas o que nunca conseguiu o "mestre" dos actuais organizadores. Não me diga o sr. Barbosa que também lá esteve como elemento do FBI - Federação dos Barbosas Investigadores.

Rafael Barbosa disse...

Não me esqueci de nada. Não estive lá. Acontece que a mensagem de Sócrates foi tão importante que a Lusa não a refere. E olhe que para a agência de informação do regime não referir a mensagem do nosso "primeiro"...

Anónimo disse...

Desculpem a correção, mas o número de pessoas não andou longe das 2.400



O atento

Anónimo disse...

Sr. Rafael Barbosa, 24h depois do término do Jantar de comemoração dos 3 anos de Mandato de Guilherme Pinto, estou neste momento em condições de divulgar a sondagem que realizei.
Ora assim sendo e de acordo com os números da organização estiveram presentes cerca de 1700 pessoas, numero este que é impossível, pois estava menos gente do que no Jantar de Candidatura de Guilherme Pinto.
Traduzido em números estiveram presentes cerca de 1200 pessoas, no máximo.
No entanto curioso é fazer uma análise sociológica dos presentes para termos uma ideia daquilo que foi esta efeméride, deste modo das cerca de 1200 pessoas, 60% eram militantes do Partido Socialista, 20% eram constituídos por funcionários da câmara, em especial os dependentes e as chefias, que foram já todos sabemos porquê, os restantes 20% eram constituídos por aquilo a que chamam a sociedade civil, nomeadamente empreiteiros, presidentes de instituições dependentes de subsídios, e depois toda a panóplia de deputados, nomeados e moços de recados do presidente da federação do PS Porto.
Quanto aos discursos, sabemos que não são o forte do presidente da federação, mas lá fez os seus ataques a Narciso Miranda, sim porque o espectro de Narciso pairou sempre na sala.
Após esse discurso tivemos o discurso de uma senhora que sinceramente ate 2005 ninguém sabia quem era e acho que 99% dos Portugueses e 99,9% do Matosinhenses não conhecem, disse umas palavras de circunstância, ninguém a percebeu bem, no entanto julgo que nem a mesma se percebe a si própria, só o Ministro Mário Lino é que a conhece dado que ela normalmente toma o lugar dele.
Finalmente tivemos o discurso de Guilherme Pinto, que tentou arrebatar a assistência, mas não se sentiu calor, nem mesmo ele próprio estava convencido do que afirmava durante o seu discurso, segundo apurei apenas pensava em Narciso Miranda o que evidentemente o condicionou e reduziu à eterna condição de homem com medo da própria sombra.
Resultado final da sondagem pode ser traduzido da seguinte forma, muito aparato, pouca organização, muita divulgação e demagogia, alias à imagem da gestão camarária, mas traduzido para resultado pratico….Pólvora Seca, não criou “elan”, não galvanizou, no fundo ate descredibilizou fruto de tantos funcionários e dependentes que estiveram presentes quando a festa deveria ter sido para aqueles anónimos que elegeram Guilherme Pinto mas que agora…….

Anónimo disse...

A lota continua! O PS ainda não aprendeu com o que aconteceu no dia 9 de Junho de 2004 e o que aconteceu não foi circunstancial mas consequência de um processo que continua. Quanto ao Metro não dá para entender como GPinto pode estar satisfeito com o que conseguiu (!) para Matosinhos! Verdadeiramente espantoso e manipulador da população de Matosinhos. Quanto à Secretária de Estado, a tal do "não há dinheiro para tudo" quando se refere a investimentos no Norte que dizer?
A procissão ainda vai no adro, agora será outro a "alugar" quem leve candidatos nacionais aos ombros. Que os Matosinhenses não queiram continuar a fazer figura de anjunhos. Que não se deixem envolver nesta discussão em que querem meter a paixão em prejuizo da razão. Os alomoços, os jantares, as promessas para não cumprir (ai Portugal como foste enganado e estás a sofrer com essa prática política do PS), os apoios de conveniência de tudo vamos ter.
Mas que Matosinhos não se esqueça de que há Futuro e os últimos anso têm de rapidamente ser passado!