Vale a pena usar a memória. Foi há pouco mais de um ano que o ministro Mário Lino garantiu que “jamais” [pronúncia francesa] se faria um aeroporto a sul do Tejo. Seria na Ota, estava decidido, sem discussão. Estava decidido, mas o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), Francisco van Zeller, não estava convencido. E decidiu patrocinar um estudo independente, que apontou para Alcochete.
Seguiu-se uma feroz troca de argumentos, com o ministro a ser acusado de orquestrar uma “campanha desesperada” para descredibilizar o estudo. A campanha fracassou e o Governo, pressionado pela opinião pública, pediu ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) um estudo que comparasse as duas alternativas. Assumindo que a decisão final seria técnica e não política. O LNEC encontrou vantagens na solução de Alcochete e o ministro acatou o parecer. O futuro aeroporto de Lisboa será construído na margem Sul do Tejo.
De toda esta história se esperaria que tivesse servido de lição. Não aconteceu. Sobretudo quando se analisa o processo do metro do Porto. Recapitulemos: há pouco mais de um ano, foi assinado um memorando de entendimento entre a Junta Metropolitana, a Empresa Metro e o Governo. Previa, entre outras coisas, que seria um estudo da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto a definir uma proposta global para a expansão da rede de metro. Uma forma de garantir que critérios técnicos iriam prevalecer sobre critérios políticos ou, pior do que isso, critérios partidários.
O estudo foi concluído e tornado público. No entanto [e ao contrário do que aconteceu com estudo do LNEC sobre o novo aeroporto], foi rapidamente atirado para o caixote do lixo. Um novo Conselho de Administração do Metro e um Governo que gosta de decidir sem ponderar, optaram por elaborar uma proposta alternativa. Um proposta de autor desconhecido e cujos méritos técnicos são, na verdade, uma incógnita.
Com este comportamento o que Governo consegue é fazer prevalecer a desconfiança. E adensar a suspeita de que a expansão da rede de metro do Porto se faz ao sabor do clientelismo partidário. Suspeitas agravadas por um estudo comparativo que a FEUP entretanto tornou público. Que concluiu, resumidamente, que a proposta actual é claramente inferior. Porque é mais cara, porque é menos eficaz na captação de utentes e porque apresenta perdas de tempo na ligação entre os principais centros metropolitanos.
Poderá dizer-se que a FEUP está a ser juiz em causa própria. Mas também poderá dizer-se que os seus técnicos sabem talvez um pouco mais sobre estas coisas que o ministro Mário Lino, a secretária de Estado Ana Paula Vitorino ou o administrador Ricardo Fonseca. E ainda poderá dizer-se, como diz Rui Rio, que se trata de mais uma falta de respeito pela cidade do Porto. Ou de desrespeito pelo dinheiro dos contribuintes. Ou ambos.
Seguiu-se uma feroz troca de argumentos, com o ministro a ser acusado de orquestrar uma “campanha desesperada” para descredibilizar o estudo. A campanha fracassou e o Governo, pressionado pela opinião pública, pediu ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) um estudo que comparasse as duas alternativas. Assumindo que a decisão final seria técnica e não política. O LNEC encontrou vantagens na solução de Alcochete e o ministro acatou o parecer. O futuro aeroporto de Lisboa será construído na margem Sul do Tejo.
De toda esta história se esperaria que tivesse servido de lição. Não aconteceu. Sobretudo quando se analisa o processo do metro do Porto. Recapitulemos: há pouco mais de um ano, foi assinado um memorando de entendimento entre a Junta Metropolitana, a Empresa Metro e o Governo. Previa, entre outras coisas, que seria um estudo da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto a definir uma proposta global para a expansão da rede de metro. Uma forma de garantir que critérios técnicos iriam prevalecer sobre critérios políticos ou, pior do que isso, critérios partidários.
O estudo foi concluído e tornado público. No entanto [e ao contrário do que aconteceu com estudo do LNEC sobre o novo aeroporto], foi rapidamente atirado para o caixote do lixo. Um novo Conselho de Administração do Metro e um Governo que gosta de decidir sem ponderar, optaram por elaborar uma proposta alternativa. Um proposta de autor desconhecido e cujos méritos técnicos são, na verdade, uma incógnita.
Com este comportamento o que Governo consegue é fazer prevalecer a desconfiança. E adensar a suspeita de que a expansão da rede de metro do Porto se faz ao sabor do clientelismo partidário. Suspeitas agravadas por um estudo comparativo que a FEUP entretanto tornou público. Que concluiu, resumidamente, que a proposta actual é claramente inferior. Porque é mais cara, porque é menos eficaz na captação de utentes e porque apresenta perdas de tempo na ligação entre os principais centros metropolitanos.
Poderá dizer-se que a FEUP está a ser juiz em causa própria. Mas também poderá dizer-se que os seus técnicos sabem talvez um pouco mais sobre estas coisas que o ministro Mário Lino, a secretária de Estado Ana Paula Vitorino ou o administrador Ricardo Fonseca. E ainda poderá dizer-se, como diz Rui Rio, que se trata de mais uma falta de respeito pela cidade do Porto. Ou de desrespeito pelo dinheiro dos contribuintes. Ou ambos.
(*) Crónica originalmente publicada no JN desta segunda-feira
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