quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O albergue espanhol

Quem disse que há um bloco central em Portugal de que fazem parte os dois maiores partidos, PS e PSD? De acordo com uma tese de doutoramento sobre identificação partidária e comportamento eleitoral, no centro político, afinal, há um só partido, o PS. Nenhum eleitor o exclui à partida, o que não abona muito em favor da coerência. Mas pelo menos facilita a conquista do Poder.
Rui Antunes, que é presidente da Escola Superior de Educação de Coimbra, assentou o seu trabalho num inquérito a 1116 eleitores da freguesia de Santa Cruz de Coimbra, que é aquilo a que se costuma chamar uma freguesia-tipo, ou seja, que costuma ter resultados eleitorais aproximados à média do país. E concluiu que, mais do que partidos, os cidadãos definem dois campos políticos. E que cada eleitor tem uma zona de exclusão, ou seja, partidos que estão numa espécie de "lista negra" e nos quais nunca votaram ou votarão.
Os maioria dos eleitores que se identificam com o PCP ou o BE, colocam quase sempre o PSD e o CDS na sua zona de exclusão. O inverso é igualmente verdadeiro. Já ao PS ninguém coloca na zona de exclusão. É uma espécie de albergue espanhol, onde cabe toda a gente. A questão que se coloca, mas a que o estudo não responde, é se será isto motivo de grande orgulho...

1 comentário:

Anónimo disse...

O grande problema de Portugal é que não se discutem políticas alternativas, mas quem vai aplicar as mesmas políticas. É como que uma dança de cadeiras. Aliás, eles encarregam-se de se sentarem uns aos outros. Os interesses que defendem são os mesmos e dos mesmos. Será um exercício interessante analisar de onde vieram e para onde foram os mambros dos últimos governos, incluindo os do actual no que diz respeito à origem. Percorramos os conselhos de administração dos bancos público e privados, as empresas públicas e, mesmo, privadas e, talvez, tiremos algumas conclusões. Também, talvez, nos questionemos sobre a quem eles estiveram a servir. E, novamente talvez, encontremos o que significa a alternância de poder que se tem verificado no nosso País. Mas nada como dramatizar que eles são diferentes, que será um drama se um deles ganhar, enfim apelar ao voto útil que o será, efectivamente, para uns poucos, sempre os mesmos seja qual for o resultado. São dezenas de anos do mesmo caminho, das mesmas mentiras, das mesmas ilusões seguidas das mesmas desilusões a que se seguem as mesmas ilusões. ´
E a manipulação das consciências continua!