quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Não será um pouco exagerado?


Não vale pena ter excessivas ilusões. A Imprensa local depende e dependerá sempre, para sobreviver, da publicidade que as instituições públicas canalizam. Ou seja, da publicidade que uma câmara e respectivos satélites estiverem dispostos a pagar. É assim em Matosinhos, ontem como hoje, como é assim noutros municípios. Mas, apesar dessa fragilidade, e imprensa local continua a ter importância. E a dar-nos informações e perspectivas que não encontramos em mais nenhum órgão de comunicação social.
Há dias, no entanto, em que mais valia a edição não sair do prelo. É o caso da última edição do Matosinhos Hoje. Pelo menos a edição online, que normalmente reproduz o que está no papel. Abre-se a página na internet e fica-se esclarecido.
A primeira notícia é sobre a inauguração do Constantino Nery, com a respectiva referência ao presidente da Câmara, Guilherme Pinto.
A segunda notícia leva-nos para a primeira visita alguma vez feita por um primeiro-ministro à refinaria de Petrogal [que honra] e mostra-nos uma imagem de uns senhores, incluindo o presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, com uns capacetes na cabeça.
A terceira notícia, numa espécie de crescendo, já tem como figura central o presidente da Câmara de Matosinhos (com a respectiva fotografia de corpo inteiro) e relata-nos as suas mais recentes críticas às propostas de Rui Rio para o metro.
A quarta notícia dá conta de um debate promovido pelos alunos da Escola Secundária Augusto Gomes, em que participaram Pedro Passos Coelho e... Guilherme Pinto (com a respectiva foto de mão no ar).
A quinta notícia mostra um grupo de gastrónomos reunidos à volta de uma "receita de sucesso", concretamente a associação "O peixe à mesa". Como é evidente, lá está a foto do chefe do cardume.
A sexta notícia, sobre a plataforma logística de Leixões, é mais discreta, mas o presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, e o que ele pensa sobre o assunto está lá, apenas à distância de um "click".
Com muita pena minha, pelo respeito que me merece um homem como Joaquim Queirós, pergunto: para que quer a Câmara de Matosinhos uma revista municipal quando tem o Matosinhos Hoje?
E pergunto mais ainda: não incomoda ninguém o que isto evidencia sobre o conceito que por aqui se tem de democracia ou de Imprensa livre? E já agora do uso e abuso de dinheiros públicos apenas para garantir propaganda encapotada?
Bom, poderemos sempre dizer que estamos ao nível de uma Madeira jardinista ou até de uma Venezuela chavista. O problema é que não temos, nem subsídios pela insularidade, nem os rendimentos do petróleo.

9 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem dito Sr. Circunvalação. Só faltou uma coisa: Quem manda no Matosinhos Hoje? Quando isso se souber muita coisa se vai perceber. E como diria o outro "Estou certo ou estou errado?".
Zeca Tone

Anónimo disse...

Não será exagerado quando temos alguém que ocupa o lugar de presidente mas não é conhecido nem reconhecido como tal. A proposito perguntei a um amigo que trabalha no café onde diariamente tomo a bica quem era o presidente da camara ao qual ele respondeu prontamente que era o narciso, ri-me como um perdido!Por isso nada me espanta que além da propaganda á nossa custa ele está massivamente a "vender" a sua imagem. Se repararem na edição da revista da camara, ele aparece em cerca de 98% das fotografias, é nas cartas sempre com fotografia (e papel de alta qualidade), é no matosinhos hoje....a dificuldade em imiscuir-se com o POVO não se ultrapassa com a massiva utilização da imagem. De facto neste e noutros pontos fica muito aquém das expectativas.


O atento

Anónimo disse...

Caro Rafael:
O conteúdo que você critica são notícias da acção do Presidente da Câmara e que não devem ser escondidas. Seja ele qual for o presidente. Foi assim noutros tempos, é assim agora, será assim no futuro. Não encontra, à volta das mesmas qualquer texto de opinião. E na edição há alguns textos de oposição.
Pena que o exemplo do "Matosinhos Hoje" não o coloque em contraste com os outros. E, como jornalista que fui, com grandes responsabilidades, nascido nas fileiras do JN, leio com muita atenção o que nele se passa. E também tenho muitos dias em que me arrepelo.
Sabe que trabalhei debaixo da odiosa censura política, mas hoje vivemos (no plural), debaixo duma ainda mais pungente censura económica.
Agradeço-lhe a publicidade e quanto à estima, nunca duvidei.

Anónimo disse...

Não diria melhor. Subsídios municipais e subsídios semaforiais também. Só tenho pena que um jornal que até tem alguma qualidade se agache desta maneira mas é a "democracia" e os "democratas" que temos...

Anónimo disse...

Oh Rafa nao sei se sabes mas acho que sim, agora com a nova lei da contratação publica existe um plafond de determinada quantia para ajustes directos à mesma empresa, talvez fosse bom a IGF vr se o plafond ao rferido jornal ja nao foi ultrapassado so com publicidade.

Anónimo disse...

Em contrapartida o JM é o paradigma da isenção. Chamar àquilo jornal...
Infelizmente quantas árvore stiveram de morrer para sair tanto lixo em forma de papel no JM.

scarface

Anónimo disse...

Uiiiii... não sei o que se passa com o Geninho e o Rafael. São capazes de dizer umas coisas mas depois. Serão mais daqueles que atiram a pedra e escondem a mão? Porque é que não publicou o comentário acerca do MH?

Anónimo disse...

Matosinhos tem dois jornais, cada um promovendo o seu candidato de forma cada vez mais descarada. Claro que o que separa cada um é o facto de um receber apoios da Câmara e outro não receber. Era interessante fazer-se a história dos conflitos de cada um dos jornais, porque os houve,com a Câmara, sempre à volta da publicidade que era, ou não, concedida. Li, hoje, no JM extractos do que o líder do movimento narcisista disse sobre a revista municipal e coincide com o que consta deste post. É verdade, concordo plenamente. Só tenho pena que ele não tenha comparado com o número de fotografias que as revistas municipais do seu tempo continham. Hoje, como ontem, tal como com os jornais privilegiados, é o orçamento municipal a pagar, isto é todos nós. E tanta gente a continuar a ser enganada, quando são projectos pessoais de poder e suas vantagens que estão em causa.
E tanta gente boa, cuja ingenuidade está a ser aproveitada.

Anónimo disse...

Ainda tenho algumas revistas municipais do tempo do outro "dono" do orçamento municipal. Fui confrontar as actuais com as desse tempo. O nº de fotografias não varia muito, o actor sim, mas quem paga é o mesmo, o zé matosinhense. Mas tudo isto é normal, um, o actual actor, foi aluno, pelos vistos brilhante, do anterior actor. Agora, estão zangados porque não podem caber os dois no primeiro plano da fotografia. Mas será pela fotografia que estão zangados? Não, as coisas devem ser mais profundas ...