sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A directora


Luísa Pinto, a directora do Cine-Teatro Constantino Nery, dá hoje, nessa sua qualidade, a primeira entrevista [ou pelo menos a primeira que leio] a um jornal nacional. Uma oportunidade para finalmente começar a perceber o que podemos esperar de um equipamento que fazia falta na nossa cidade.
"Quero companhias do Porto em Matosinhos", diz Luísa Pinto, em título. Uma alusão ao que se passou no Rivoli, com a tomada do teatro municipal por Filipe La Féria e a consequente "expulsão" das pequenas companhias. Nada que mereça atenção excessiva.
Mais importante, por exemplo é perceber que Luísa Pinto foi nomeada por três anos. E esse pode ser o primeiro ponto de controvérsia. É verdade que é impossível programar em espaços de tempo demasiado curtos, mas também não é menos que há eleições dentro de um ano e que, quem vencer a Câmara, pode ter ideias e personagens diferentes para o espaço e para o cargo.
Um milhão de euros é o orçamento de que dispõe para o próximo ano. É difícil dizer se é muito, se é pouco. Depende da "produtividade". Que, como a própria lembra, só se consegue a médio prazo. Mas pelo menos estabelece uma espécie de meta: obter 50% das receitas através das bilheteiras.
O mais positivo, pelo menos à primeira vista, é que já haja uma série de parcerias. Por exemplo, com o Indie Lisboa, porque uma das apostas é o cinema independente. E depois com o FITEI, ou com a Seiva Trupe, essenciais para quem quer fazer do Constantino sobretudo um espaço de teatro. Com peças de companhias profissionais, mas também com teatro amador e até com a abertura de portas antes das estreias, para que as pessoas possam assistir aos ensaios.
Até que ponto é que isto significará uma taxa de ocupação que justifique o investimento é o que se está para ver. Como só mais daqui a uns meses poderemos perceber se consegue ou não chamar o público. Porque o risco de algumas apostas marginais, como as que Luísa Pinto assume, é que o público seja interessado, até militante, mas igualmente marginal. E definitivamente um teatro público não pode ser só para minorias

3 comentários:

Anónimo disse...

Esta entrevista é paupérima. Ser programador cultural é facílimo, principalmente num país em que os artistas precisam de mendigar espaços e onde a cultura é encarada como um luxo. Descanse Sra Luísa, não faltarão pessoas, companhias de teatro, festivais ou ideias para o espaço. O que pode faltar é um rumo, uma política clara e, principalmente, sensibilidade. Não sei quem é esta senhora e muito menos o que fez pela cultura ou por Matosinhos mas para já erra na abordagem. Não cabe aos espaços educar o povo. Isso compete às escolas e,evidentemente, à família. Era bom que a Sra. Luísa soubesse. Era também bom que soubessemos quais são os espaços culturais de Matosinhos e quanto se gasta com eles? Isto de forma clara. Porque, como sabemos, muitos dinheiros públicos são usados em pseudo-actividades culturais como troca de favores? Os livros, por exemplo, acham normal a facilidade com que certos funcionários da CMM editam? Interessante seria também saber como funciona a selecção dos artistas que vão para a Galeria do Munícipio. Há alguém com reconhecido mérito cultural ou artistico que o faça? Mas acima de tudo, o que me parece importante, é que esta senhora deveria saber que os protagonistas dos espaços culturais devem ser os artistas e não os políticos. Começamos mal.

Tone

Anónimo disse...
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Anónimo disse...

é estranho pois em todo o lado tento saber como se pode colaborar para o Cine-Teatro Constantino Nery e nem em concursos públicos nem na empresa Multipessoal há informação, alguém sabe como concorrer?alguém sabe quem serão os funcionários além da programadora?M.F.