[Tinha prometido que alguns comentários seriam, de vez em quando, promovidos à página principal da Circunvalação. O texto que se segue vinha assinado por Pedro Correia]
As coisas não começaram bem. Haveria muita sabedoria popular para citar acerca do muito falar e pouco fazer. Haveria também muito a dizer sobre a política cultural da CMM. O que me interessa, no entanto, salientar neste momento é o seguinte: é uma verdade que o Dr. Rio mudou a face cultural das cidades vizinhas ao mudar a da sua cidade. Toda a gente sabe isso mas é mau reconhecer porque aparecerá sempre alguém a dizer que se está a trabalhar à sombra do inexistente e outras coisas mais. O discurso das pessoas ligadas à cultura não admite que a indústria cultural seja isso mesmo, uma indústria como qualquer outra, que tem que ser inovadora, sustentável e, principalmente, criar alternativas. O que é muito diferente de educar o povo ou como é costume dizer "formar públicos". É um lugar comum dizer que o Porto de 2001 teve muitos méritos e muitos defeitos mas se houve algo que conseguiu demonstrar claramente foi que não há público para determinadas iniciativas. Isso levanta questões há muito discutidas sendo que, para mim, uma das mais importantes é qual a forma de apoiar as artes ou os artistas mais "alternativos" ou "visionários", que por essa mesma razão são incapazes de ter a casa-cheia ou obter patrocínios. Sabendo que o país é pequeno, logo as minorias não são rentáveis, e que não é tradicionalmente ligado às artes, qual o papel de quem pode ditar as regras quer por que tem o dinheiro ou porque tem os espaços? Será o papel protagonizado pela Dr. Pinto? Onde está a massa crítica da cidade? Onde estão os artistas (e não falo dos artistas que estão ligados ao poder porque esses já sabemos quem são e como fazem as coisas)? Eu respondo porque sei do que estou a falar: Não estão e assim nunca estarão. A não ser que... apareçam na TV.
Pedro Correia
1 comentário:
Caro Rafael, Parabéns por essa sua Nobre atitude em publicar alguns textos. Este é sem dúvida pertinente e todos devemos Meditar no seu conteúdo. A nossa Cultura carece de investimento, um País sem Cultura é um País Vazio.
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