segunda-feira, 2 de março de 2009

O Palácio


Os acessos às garagens dos edifícios Palácio da Enseada, em Matosinhos-Sul, ocupam parte da via na Avenida da República e na Rua Heróis de França. A obra cumpre o plano aprovado em 2005, mas a Câmara admite que foi mal pensado.
A construção do conjunto de seis blocos que compõem o empreendimento "Palácio da Enseada", a ser edificado no quarteirão da antiga Gist-Brocades, implicou a elaboração de um Plano de Pormenor. Foi visto e revisto por todas as entidades competentes e aprovado em Julho de 2005, ainda no mandato de Narciso Miranda. Mas ninguém "reparou" ou se preocupou com o facto dos acessos às garagens daquele condomínio de luxo ocuparem parte da via pública, prejudicando o estacionamento numa zona de acesso às praias, sempre muito congestionada.
"Alguma coisa está errada", denunciou, ao JN, um morador da Avenida da República, indignado com o que está a acontecer na zona mais nobre do concelho de Matosinhos.




Alguma coisa está errada, alvitra um morador da zona. Eu diria que o que há é gato escondido com rabo de fora. E talvez ajude a perceber como acontecem estas coisas se se pensar um pouco em quem é o autor do projecto e em quem são os promotores do empreendimento. E talvez também ajude saber que o projecto foi inicialmente entregue à dupla Siza/Souto Moura, mas acabou noutras mãos e com mais um andar.
Claro que para tudo isto haverá explicações absolutamente legais. Mas da censura política já não se livra quem deixou que as coisas seguissem assim. Narciso Miranda, em primeiro lugar, uma vez que foi com ele que o processo se iniciou, e Guilherme Pinto, que tenta agora sacudir a água do capote com algum descaramento. Afirma ter pedido um parecer jurídico para saber o que pode a Câmara ainda fazer, mas logo em seguida admite que não pode fazer nada (seguir o link para ver o resto da notícia). E entretanto o interesse privado sobrepõe-se mais uma vez ao interesse público. É o que temos.
Só para terminar, observem bem a imagem que se anexa. E digam-me o que ganha a nossa cidade com urbanizações gigantescas destas. E olhem ainda com mais atenção para a floresta de betão que a rodeia. É isto o que chamam de qualidade de vida?

7 comentários:

Ingrid Maganinho disse...

Excelente comentário.

Tenho mantido esta luta quase sózinho pela mobilidade a pé em Matosinhos, o estado dos passeios, passadeiras, falta de rampas, etc, etc.

Mas realmente os problemas de mobilidade são em tudo. Continuam a deixar construir em quantidades absurdas, sem aumentar e/ou melhorar as entradas e saídas da cidade.

Um bom exemplo é a Avª da Républica que neste momento já demora cerca de meia hora para fazer nas horas de ponta.

Os parques para crianças, são os mesmos de quando eu tinha a idade dos meus filhos e a população era 1/5 da de hoje.


Contruiram Matosinhos Sul, com condomínios fechados para afastar os restantes moradores dali (elitismo puro e duro).

Vão a Vila do Conde e veja-se o exemplo de lá, construção baixa (4 andares), praças abertas a todos no meio dos prédios de luxo, espaços verdes e desportivos espalhados por todo o lado e de livre acesso, Parque infantis em raios inferiores a 500 Mts. E em quantidade. Esplanadas espalhadas por todo o lado, a fazerem real concorrência e por isso com preços acessíveis (não como na praia de Matosinhos onde se paga 1,40€ por um café), etc. etc.

Acho que Matosinhos esqueceu as pessoas.

Pior... Começo a achar que as pessoas se estão a esquecer de Matosinhos e o definhar da cidade (principalmente) é notório.

Um Abraço

Mais uma vez parabéns

JOSÉ MODESTO disse...

As exagerações são quase sempre estados infantis da inteligência...
Haja Bom Senso...os Matosinhenses agradecem.

Anónimo disse...

Ora aqui está um caso que dá que pensar. Ouve-se o principal responsável, Narciso Miranda, a invocar que "ninguém lhe chamou a atenção". É preciso ter lata! Agora, é comer e calar, como muitos outros processos em que o então presidente da Câmara "desconheceu" ou "não viu bem"... Ele e a sua equipa, que agora também não sabe o que fazer à criança, pois está com responsabilidades de mandato. O resultado vai ser como o Centro Comercial Cidade do Porto. O Supremo mandou demolir, mas ele ali ficará para o sempre, tal como o Empreendimento Enseada. E já agõra, o Rafael não sabe ou teve medo de mencionar o nome do arquitecto, mas parece que ele se chama Soutinho.

Rafael Barbosa disse...

Claro que sei que o arquitecto foi o Alcino Soutinho. Gostava era de saber melhor quem são os outros...

JOSÉ MODESTO disse...

A dúvida é o principio da sabedoria...onde há muito em que eleger, não pode haver pouco sobre que duvidar...
Maybe...

Anónimo disse...

Rafael é facil de procurar. Estão na Câmara de Matosinhos. Arquitectos e engenheiros que procuram e têm, também, por missão, fiscalizar o que vai sendo feito pelos senhores feudais. Soutinho está quase em todas. De quem é o projecto junto ao Norteshopping??? Sería assim tão dificil detectar aquele erro à nascença? Que raio de «peneira» teria sido usada para tapar os olhos a quem fiscaliza? De pano? De plastico? De papel? Ou teriam sido utilizadas «luvas» nas mãos para depois pôr nos olhos?? Talvez. De luvas , dificilmente se consegue ver. Nem ao perto nem ao longe

x.serep disse...

Nada acontence por acaso.
Este projecto do Palácio da Enseada só foi possivel porque a firma "SOLIMA" proprietario do empreendimento tem como sócio o Engº Joaquim dos Santos Sousa, que por acaso tambem é Director Municipal de Investimentos e Infra-estruturas da Camara de Matosinhos.
Estamos a falar de apropriação ilicita de espaço publico. Há com certeza aqui matéria do foro criminal. Lembro que o Edificio Castelo do Prado na Rua Brito Capelo, tambem da mesma firma SOLIMA, tem a entrada e a saida das garagens nas passadeiras em cima dos semáforos. Incrivel