domingo, 8 de fevereiro de 2009

Sem guita para salários


Já não há dinheiro nem para pagar salários. É o que se pode concluir de uma das propostas que vai esta segunda-feira a votação na reunião da Câmara Municipal de Matosinhos. Como os euros não crescem nas árvores (expressão usada apenas para justificar a imagem) são cinco milhões que é preciso pedir emprestados, para resolver "dificuldades de tesouraria". Que é como quem diz socorrer cofres vazios.
Mas do que eu gosto mesmo, quando me dou ao trabalho de ler estas coisas, é da linguagem pretensamente inteligente que vertem para os documentos. No preâmbulo da justificação podem ler-se pérolas como "minimizar os efeitos da volatilidade das receitas municipais" (eu cá trocaria por evaporação), ou expressões como "quantidade e intensidade de flutuações e oscilações" (neste caso, poderíamos optar por variação e variação).
Adiante, que, embora as explicações pareçam ser propositadamente baralhadas, não vá alguém percebê-las, dá para seguir o rasto do dinheiro. E uma das coisas que ficamos a saber é que o volume mensal de despesas correntes "obrigatórias" (imagino que as "não obrigatórias" sejam as que se pode pagar mais tarde a uns quantos desgraçados) é de pelo menos 2,5 milhões de euros. E como pelos vistos andam pela autarquia 10 milhões de euros em facturas, que nunca se sabe quando podem ser cobradas, as receitas não chegam para tapar os buracos. A culpa deve ser da crise.
Disso ou do excesso de optimismo na hora de prever as receitas. Se bem me lembro (na verdade não lembro, mas fui procurar), o orçamento para 2008 previa, só em receitas correntes, qualquer coisa como 95 milhões de euros. A julgar pelo mapa de receitas que acompanha a proposta para contrair o empréstimo, só conseguiram 58 milhões. O problema é que, se calhar no que diz respeito a despesa corrente, não só não ficou aquém, como é capaz de ter ido além...

2 comentários:

JOSÉ MODESTO disse...

O dinheiro só é poder quando existente em quantidades desproporcionadas...
O dinheiro que temos é o instrumento da liberdade; aquele de que andamos atrás é o da servidão...

Anónimo disse...

Esta malta aprendeu a gastar dinheiro com o Oliveira e Costa?