sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A lógica da batata

Deu-me para observar os resultados das últimas cinco eleições autárquicas aqui na nossa terra, registei alguns factos e tirei algumas conclusões. Que podem ser úteis (ou não) para alimentar teorias sobre o que pode acontecer nas próximas. Aqui fica o rol:

1 - De 1993 até 2005, o PS esteve sempre em rota descendente. Os "coreanos" 65% de 1993 são uma miragem se comparados com os 47% de 2005, já com Guilherme Pinto. Mas, curiosamente, o maior trambolhão foi entre 1997 e 2001, ainda com Narciso Miranda, quando a queda foi de 8 pontos percentuais. Se em 2009 se mantivesse a tendência, o PS iria parar aos 40%. A dividir por dois candidatos dá 20% para cada um. Mas cuidado, porque, como se costuma dizer, a lógica às vezes é uma batata.

2 - O PSD e o CDS/PP, pelo menos em listas autárquicas, valem mais em conjunto do que a soma das partes. Eu explico. Em 1993 e 1997, em que concorreram separados, não conseguiram mais do que 25%. Em 2001 e 2005, quando concorreram coligados, conseguiram resultados à volta dos 30%. Parece ser uma espécie de patamar mínimo, o que, num cenário renhido como o de 2009, não é propriamente uma má notícia.

3 - A CDU anda, desde 1993, com um resultado de 7/8%. O que já foi suficiente para ter vereador como para não ter. Ou seja, continuará, como sempre, no fio da navalha. Mas as coisas poderão piorar. Porque o Bloco cresceu de 2% para 7% nas duas últimas eleições, aliás as únicas em que apresentou candidatos. E a grande incógnita é se será capaz de crescer um pouco mais. Se for, e não precisa de ser muito, é bem capaz de ir buscar o vereador que nos últimos dois mandatos foi dos comunistas. Uma hipótese a ter seriamente em conta.

Resultados (para quem quiser fazer as suas próprias especulações):

2005
PS - 47
PSD/CDS - 30
CDU - 8
BE - 7

2001
PS - 54
PSD/CDS -31
CDU - 7
BE- 2

1997
PS - 62
PSD - 22
CDU - 7
CDS - 3

1993
PS - 65
PSD - 21
CDU - 6
CDS - 4

1989
PS - 59
PSD - 25
CDU - 8
CDS - 2

1 comentário:

Anónimo disse...

mais importante que as percentagens é «ler» os resultados absolutos dos votantes e sua evolução em cada eleição. Se quiser e tiver acesso a isso verificara uma descida constante e sustentada dos numeros dos votantes no PS e uma subida do PSD. Creio que esses numeros acabarão por ser mais ilustrativos para o povo do que as percentagens. Sem esquecer o fenomeno penalizante para o PS de Matosinhos Sul, Lavra e ÁNGEIRAS. As caracteristicas demograficas de Matosinhos mudaram substancialmente, para a direita. No fundo o progresso e a qualidade de novas e carissimas urbanizações irão penalizar irremediavelmente o PAI e o mentor da evolução. Nunca , como agora, o PSD terá hipoteses de ganhar Matosinhos. Acho que o PS não percebe isto. Encafuado nas suas sedes e nas suas lutas, convencido que o tempo é o mesmo. Não é. DEFINITIVAMENTE