“Os próximos dez anos serão inquietantes para o Norte”. O alerta chegou de João Cravinho e foi feito há uns dias, durante um debate promovido por Rui Rio sobre a Regionalização. Dias antes, Renato Sampaio colocara a aposta da Regionalização no centro do debate interno socialista. Marco António Costa, líder da Distrital do PSD/Porto, explicou aos autarcas do seu partido que a Regionalização é “inevitável”. E o PCP/Porto apelou à continuação da “luta pela Regionalização”. A Regionalização está outra vez na moda, pelo menos no discurso político. Mas será desta?
Ainda no colóquio portuense, Vital Moreira lembrou a primeira e principal dificuldade. A mudança de paradigma não será possível sem uma mudança de discurso no PSD. “Sem que o PSD se converta à ideia ou sem que pelo menos abandone a hostilidade quanto à Regionalização, esta é impossível”. O constitucionalista sabe que o PSD é liderado, não por Rui Rio, mas por Manuela Ferreira Leite. E quanto à posição desta, não há margem para dúvidas: a Regionalização é uma “aventura” para a qual não conduzirá o seu partido, até porque é “absolutamente contra”. Resta saber que capacidade e vontade terá Rui Rio para inverter essa posição.
Não é certo, também, que todo o PS esteja convencido da importância da Regionalização. Embora o candidato e provável vencedor das eleições distritais do Porto, Renato Sampaio, já tenha feito a sua aposta. Lembrando que “regiões fortes e capazes de criar massa crítica são a melhor forma de consolidar o sistema democrático”. Parece apostar no mapa das cinco regiões, seguindo a divisão que já hoje existe das comissões de coordenação de desenvolvimento regional. Trata-se, como dizia Vital Moreira, de deixar de lado mapas “abstrusos” e “fazer o trabalho de casa”.
Falta e faltará ao PS capacidade de auto-crítica para explicar as consequências da centralização, para que melhor se percebe para que serve a Regionalização. Porque o PS está no Governo e pretende revalidar o mandato. Mas poderá sempre olhar-se para o “trabalho de casa” que o PCP/Porto também vai fazendo. Como a conferência de Imprensa, realizada por estes dias, com escassa atenção mediática mas com dados importantes para o debate: a taxa de desemprego do distrito do Porto é de 11%, a média nacional é de 8%; em 15 dos 18 concelhos do distrito do Porto o poder de compra per capita é inferior à média nacional; há 110 mil pessoas que beneficiam do rendimento mínimo nacional no distrito, ou seja, 33% do total do país; o PIDDAC para o distrito do Porto sofreu, entre 2005 e 2008, uma redução de 77%.
Voltemos ao princípio e a João Cravinho: “o actual modelo de divisão do país é uma das causas da decadência do Norte. E os próximos dez anos serão inquietantes”. A não ser que, por uma vez, o discurso político seja consequente.
Ainda no colóquio portuense, Vital Moreira lembrou a primeira e principal dificuldade. A mudança de paradigma não será possível sem uma mudança de discurso no PSD. “Sem que o PSD se converta à ideia ou sem que pelo menos abandone a hostilidade quanto à Regionalização, esta é impossível”. O constitucionalista sabe que o PSD é liderado, não por Rui Rio, mas por Manuela Ferreira Leite. E quanto à posição desta, não há margem para dúvidas: a Regionalização é uma “aventura” para a qual não conduzirá o seu partido, até porque é “absolutamente contra”. Resta saber que capacidade e vontade terá Rui Rio para inverter essa posição.
Não é certo, também, que todo o PS esteja convencido da importância da Regionalização. Embora o candidato e provável vencedor das eleições distritais do Porto, Renato Sampaio, já tenha feito a sua aposta. Lembrando que “regiões fortes e capazes de criar massa crítica são a melhor forma de consolidar o sistema democrático”. Parece apostar no mapa das cinco regiões, seguindo a divisão que já hoje existe das comissões de coordenação de desenvolvimento regional. Trata-se, como dizia Vital Moreira, de deixar de lado mapas “abstrusos” e “fazer o trabalho de casa”.
Falta e faltará ao PS capacidade de auto-crítica para explicar as consequências da centralização, para que melhor se percebe para que serve a Regionalização. Porque o PS está no Governo e pretende revalidar o mandato. Mas poderá sempre olhar-se para o “trabalho de casa” que o PCP/Porto também vai fazendo. Como a conferência de Imprensa, realizada por estes dias, com escassa atenção mediática mas com dados importantes para o debate: a taxa de desemprego do distrito do Porto é de 11%, a média nacional é de 8%; em 15 dos 18 concelhos do distrito do Porto o poder de compra per capita é inferior à média nacional; há 110 mil pessoas que beneficiam do rendimento mínimo nacional no distrito, ou seja, 33% do total do país; o PIDDAC para o distrito do Porto sofreu, entre 2005 e 2008, uma redução de 77%.
Voltemos ao princípio e a João Cravinho: “o actual modelo de divisão do país é uma das causas da decadência do Norte. E os próximos dez anos serão inquietantes”. A não ser que, por uma vez, o discurso político seja consequente.
(*) Crónica originalmente escrita para o JN desta segunda-feira
2 comentários:
Caro Rafael Barbosa,
Dada a temática abordada, tomei a liberdade de publicar este seu "post", com o respectivo link, no
.
Regionalização
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Cumprimentos
Pois é novamente o sr. Renato Sampaio, fala da regionalização, pois as eleições para a distrital estão á porta, porque depois das eleições vai meter a regionalização na gaveta e voltar á carga com o seu projecto-lei que são " as bandidagens" dos percings, tattos,...pode ser que nas proximas volte aos temas importantes que impedem o Norte de dar o salto, o comboio continua a passar e todos nós continuamos a tirar o bilhete...
Wanderley Novais
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