domingo, 4 de janeiro de 2009

Vê lá tu estes malucos...


1- "Vê lá tu o que estes malucos fizeram - apontaram-me uma pistola e não me deixaram acabar o que estava a fazer", terá dito a professora para a presidente do Conselho Executivo. "Ó professora, desculpe, sabe que somos uns brincalhões", terão retorquido os alunos. Feito assim o relato do que acontecera na sala de aula, tendo em conta que os alunos são "normais e simpáticos" e que a própria professora "é muito brincalhona", o caso foi "arquivado". Afinal fora "uma brincadeira que toda a gente faz".
O que deu origem a estas explicações foi a divulgação de um vídeo em que um grupo de alunos da Escola Secundária do Cerco do Porto aponta uma arma de plástico a uma professora, exigindo melhores notas. Mexem-lhe nos cabelos e ensaiam poses de pugilista, cerrando os punhos. A professora ameaça marcar faltas disciplinares a todos, mas a "brincadeira" não acaba. A cena termina com a professora, impotente, abandonando a sala de aula.
O vídeo é um documento poderoso sobre o descontrolo a que chegaram algumas salas de aula. Mas são as explicações que se seguiram que fazem soar o alarme. Fica a sensação de que não existe capacidade, nem vontade, de combater a indisciplina. O vídeo põe a nu o pouco respeito que os alunos demonstram pelos professores. A forma como estes decidiram ignorar o que se passou põe a nu o pouco respeito que têm por si próprios e pela nobre e difícil missão de ensinar e educar. Para além de um inquérito ao que se passou na sala de aula é preciso um outro inquérito ao que se passou a seguir. Já não com o objectivo de punir, mas com o objectivo de identificar procedimentos errados e alterá-los.

2 - O presidente da Câmara Municipal do Porto já tem uma "solução" para a construção das frentes urbanas no Parque da Cidade. Não tendo sido possível evitar que avance a chamada frente urbana da Boavista, Rui Rio decretou que essa construção... já não é no Parque da Cidade. Aliás, no dia em que tornou público o acordo sobre o Parque da Cidade, e provavelmente fiel a esse novo princípio, "esqueceu-se" de fazer referência às seis moradias e ao prédio de três andares que a Câmara terá de licenciar. Chama-se a isto tentativa de tapar o sol com a peneira.
Evoluções semânticas à parte, o acordo entre a autarquia e as empresas proprietárias de terrenos no Parque da Cidade terá ainda um incerto caminho para percorrer. Porque uma das suas peças principais, a entrega de propriedades municipais, terá de ser trocada, em tempo útil, por 43 milhões de euros. Tendo em conta a época de crise que atravessamos, nomeadamente no sector imobiliário, há uma probabilidade grande de não se concretizar. O que faria voltar tudo à estaca zero. Incluindo a frente urbana da Boavista... no Parque da Cidade.
(*) Crónica originalmente publicada no JN de 29 de Dezembro de 2008

1 comentário:

Anónimo disse...

A Directora da DREN, Margarida Moreira, deve estar tão ausente da realidade das escolas como anda da Assembleia Municipal de Matosinhos onde não se vê, nem se ouve. A sua preocupação, ou obsessão,é seguir as indicações da sua patroa Maria de Lurdes, a quem tiraram o pio,e afirmar-se como mais prepotente e ridicula. Quando basta um prato de lentilhas tudo é possivel... Pobre Democracia que tão mal tratada estás a ser por quem vive à tua sombra!