segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Calendário eleitoral

Uma, duas, três eleições. A primeira (europeias) em Junho, a segunda (legislativas) em Setembro, a terceira (autárquicas) em Outubro. Uma, duas, três campanhas, longos meses de muita propaganda, demagogia, populismo, inaugurações e, com um pouco de sorte, pequenas doses de debate político sério para disfarçar. É o cenário pouco reconfortante que se apresenta aos portugueses em 2009. Isto porque, sejamos claros, já se percebeu que o entendimento para juntar duas ou mesmo as três eleições na mesma data está condenado. Se for o PS a propô-lo, o PSD não aceitará, por causa dos interesses ocultos do adversário. Se o PSD manifestar interesse, o PS rejeitará, porque nunca se sabe que vantagens eleitorais pretende retirar a outra parte.
Por via das dúvidas e das especulações que já se acumulavam, Cavaco Silva veio pôr os pontos nos ii. "A agenda da classe política deve estar centrada no combate à crise que afecta o país". Embora seja curioso que o argumento central do presidente da República para evitar o assunto possa ser a melhor justificação para fazer exactamente o contrário. Porque o efeito mais perverso de três campanhas eleitorais consecutivas será precisamente o de desviar a agenda da classe política do combate à crise para o combate pelo voto do eleitor.
Diz-nos José Pedro Aguiar Branco, vice-presidente do PSD, que não haverá um único português preocupado com a sequência do calendário eleitoral. Descontando o facto de Aguiar Branco se ter dado ao trabalho de comentar um assunto que não interessa a ninguém, é precisamente na despreocupação dos portugueses que reside o perigo. Quando se começarem a preocupar com o calendário eleitoral será tarde demais. Provavelmente só se darão conta do erro quando já estiverem fartos de ouvir Aguiar Branco, ou outro dirigente partidário qualquer, em campanha e a falar de assuntos que não interessam a nenhum português.
P.S.: O Governo prepara-se para aprovar um regime de excepção para o Código dos Contratos Públicos. Assim, as obras públicas até cinco milhões de euros poderão ser entregues, quer pelos organismos do Estado quer pelas autarquias, por ajuste directo, sem concurso público, ao construtor civil que se quiser. O argumento é o de que é preciso estimular o investimento público e combater a crise. O autor da proposta nunca deve ter ouvido dizer que depressa e bem, há pouco quem. Na prática, o que vai fazer é multiplicar a discricionariedade, que já era muita, e diminuir a transparência, que já era pouca. Um país com um clima de desconfiança permanente a propósito da relação demasiado estreita entre construtores e autarcas não precisava de mais esta acha na fogueira das suspeitas de corrupção. Muito menos em ano de eleições.
(*) Artigo originalmente publicado no JN desta segunda-feira

1 comentário:

Anónimo disse...

Já que o tema é «calendario eleitoral» digo-vos que fui um dos convidados para uma iniciativa do «Movimento da Esquerda Socialista» - MES - e da célula «maçon» na Câmara Municipal reunimo-nos todos no salão nobre com direito a umas «pataniscas»...bla-bla-bla... no seguimento da operação «Gerês». Foi uma reunião de «facas afiadas nas costas», senti algumas «picadas» e como não sou inocente, também dei...
Vai bem a nossa «casa», prevê-se uma viragem à esquerda na lista de guilherme Pinto com a integração do «Movimento de Esquerda Socialista» - MES - em lugar elegivel....Em termos eleitorais , esta «cimeira» promovida pelo MES tem efeitos quase nulos: a maioria dos meus colegas na câmara não vota em Matosinhos.....
Quanto à eficácia no rendimento e melhoria do ambiente de trabalho, estamos conversados.... Veja-se o que conseguiu a jornada «gerisiana»...