"Matar crianças não é um crime de guerra?" A pergunta de um dirigente da agência para os refugiados das Nações Unidas, depois de mais um bombardeamento a uma escola, não tinha destinatário. Mas exige resposta, mesmo agora que, aparentemente, chega ao fim a carnificina protagonizada pelas tropas israelitas na Faixa de Gaza. Uma acção punitiva e desproporcionada que se prolongou por 22 dias e no qual morreram 1200 palestinianos. Sendo que cerca de 400 são crianças.
Intoxicada pela máquina de propaganda do Estado, tão perversa quanto eficaz, a população israelita não está interessada em responder. Mesmo os que ainda não foram conquistados pelo discurso do ódio dos extremistas religiosos judaicos não farão mais do que encolher os ombros. Compete por isso a outros promover que se apure quem e que crimes se cometeram.
E compete em primeiro lugar à Europa, e portanto a Portugal. Não chega proibir aeronaves carregadas com material bélico de passarem pelos nossos céus. É preciso um pouco mais de coragem. Porque a vida de uma criança palestiniana vale tanto como a de uma criança portuguesa. Haverá alguma razão, para além da recorrente hipocrisia diplomática, para que não avance um tribunal que julgue os criminosos desta guerra, sejam eles israelitas ou palestinianos, sejam militantes do Kadima ou do Hamas?
Não se confunda, aliás, a necessidade de castigar criminosos de guerra com simpatia ou protecção por organizações terroristas. O Hamas tem nas suas fileiras gente com igual falta de respeito pela vida de crianças. É até possível que, como argumentava Israel, tenham usado homens, mulheres e crianças como escudos humanos. Acontece que isso não legitima um Estado democrático e supostamente civilizado a agir com a bestialidade que se testemunhou neste sangrento início de ano.
Ainda menos quando esse Estado é formado pelos descendentes das vítimas dos campos de concentração nazis. A nenhum deles terá ocorrido que há pelo menos algumas semelhanças entre as condições a que foram submetidos os habitantes do gueto de Varsóvia e a miséria que grassa no gueto de Gaza? Entre o massacre a que foram submetidos os judeus polacos e o bombardeamento que se abateu sobre os muçulmanos palestinianos?
Agora que os canhões se vão calando, começam os encontros para a reconstrução. Ontem, diplomatas europeus reuniram-se no Egipto. É verdade que os habitantes da Faixa de Gaza precisam desesperadamente de meios para garantir a sua sobrevivência. Mas não se pode limpar a consciência apenas com dinheiro, como até aqui. É preciso pão mas também justiça. Só assim se conquistará uma paz duradoura. Só assim terminará esta intolerável contagem do número de crianças que vão morrendo. Seja pelas mãos de um extremista islâmico que se faz explodir numa paragem de autocarro, seja por um fanático sionista que ordena um ataque aéreo com bombas de fósforo a uma escola.
Intoxicada pela máquina de propaganda do Estado, tão perversa quanto eficaz, a população israelita não está interessada em responder. Mesmo os que ainda não foram conquistados pelo discurso do ódio dos extremistas religiosos judaicos não farão mais do que encolher os ombros. Compete por isso a outros promover que se apure quem e que crimes se cometeram.
E compete em primeiro lugar à Europa, e portanto a Portugal. Não chega proibir aeronaves carregadas com material bélico de passarem pelos nossos céus. É preciso um pouco mais de coragem. Porque a vida de uma criança palestiniana vale tanto como a de uma criança portuguesa. Haverá alguma razão, para além da recorrente hipocrisia diplomática, para que não avance um tribunal que julgue os criminosos desta guerra, sejam eles israelitas ou palestinianos, sejam militantes do Kadima ou do Hamas?
Não se confunda, aliás, a necessidade de castigar criminosos de guerra com simpatia ou protecção por organizações terroristas. O Hamas tem nas suas fileiras gente com igual falta de respeito pela vida de crianças. É até possível que, como argumentava Israel, tenham usado homens, mulheres e crianças como escudos humanos. Acontece que isso não legitima um Estado democrático e supostamente civilizado a agir com a bestialidade que se testemunhou neste sangrento início de ano.
Ainda menos quando esse Estado é formado pelos descendentes das vítimas dos campos de concentração nazis. A nenhum deles terá ocorrido que há pelo menos algumas semelhanças entre as condições a que foram submetidos os habitantes do gueto de Varsóvia e a miséria que grassa no gueto de Gaza? Entre o massacre a que foram submetidos os judeus polacos e o bombardeamento que se abateu sobre os muçulmanos palestinianos?
Agora que os canhões se vão calando, começam os encontros para a reconstrução. Ontem, diplomatas europeus reuniram-se no Egipto. É verdade que os habitantes da Faixa de Gaza precisam desesperadamente de meios para garantir a sua sobrevivência. Mas não se pode limpar a consciência apenas com dinheiro, como até aqui. É preciso pão mas também justiça. Só assim se conquistará uma paz duradoura. Só assim terminará esta intolerável contagem do número de crianças que vão morrendo. Seja pelas mãos de um extremista islâmico que se faz explodir numa paragem de autocarro, seja por um fanático sionista que ordena um ataque aéreo com bombas de fósforo a uma escola.
(*) Crónica originalmente publicada no JN desta segunda-feira
1 comentário:
No catálogo dos direitos humanos não existe o direito a não ser ofendido; se existisse, ninguém poderia dizer ou escrever uma palavra.
Diferentes Religiões...Um só Deus.
A Guerra não é a solução...O Diálogo sim.
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