“Tropecei” em Carlos Oliveira aqui há uns dias, ao folhear o suplemento do “Matosinhos Hoje” dedicado às 100 maiores empresas do concelho. Era a “reportagem” que fechava o suplemento, historiando a transformação de uma loja de componentes eléctricos e telecomunicações numa empresa dinâmica com uma facturação média anual de seis milhões de euros, a “Soltráfego – Soluções de trânsito, estacionamento e comunicações”.Digno de elogio evidentemente. Eu pelo menos, apesar de não ter o mínimo “faro” para negócios, gosto de gente que cria estes pequenos impérios económicos, criando riqueza para si e para quem trabalha para si, sobretudo se não atropelar ninguém pelo caminho. E no caso, ainda a julgar pelos números do MH, são 60 pessoas, 18 deles licenciados e 5 portadores de deficiência. E olhem que este tipo de responsabilidade social é raro.Ainda no MH, como que a fechar, ficava o esclarecimento de Carlos Oliveira sobre os seus negócios com a Câmara de Matosinhos, que garante não ser o seu melhor cliente: em 2002 facturou 208 mil euros; em 2003 foram 141 mil euros; em 2004 foram 213 mil euros; em 2005 foram 313 mil euros; em 2006 foram 204 mil euros; e em 2007, até 30 de Novembro, 60 mil euros. O gestor diz que isto representa apenas 3,6% da facturação anual da empresa. É uma maneira de ver as coisas. A outra é dizer que foram 1,139 milhões de euros que a Câmara pagou em seis anos. Assim até parece mais, não parece?Na verdade seriam contas sem interesse nenhum se estivéssemos a falar de um homem de negócios descomprometido. Mas o próprio Carlos Oliveira sabe que não é assim, ou não tomaria a iniciativa de apresentar explicações.Carlos Oliveira é, por exemplo, o parceiro privilegiado da Câmara de Matosinhos na sua estratégia de gestão da Leixões SAD. Até assumiu publicamente que foi a pedido de Guilherme Pinto, actual presidente da Câmara, que assumiu a presidência da SAD. Ele, que até então nunca assistira a um jogo de futebol ao vivo.E depois Carlos Oliveira é pai de Nuno Oliveira, o número dois da Câmara de Matosinhos. Certo, pais e filhos não podem ser prejudicados pelas escolhas que cada um faz. Mas não sejamos hipócritas, quando as fizeram sabiam bem que leituras e implicações teria. Logo, terão de suportar perguntas como esta: não seria tudo mais transparente se a Soltráfego se abstivesse de fazer comércio com a Câmara de Matosinhos, pelo menos enquanto o actual “vice” e vereador com o pelouro das Finanças por lá estiver? Até tendo em conta que, segundo o próprio Carlos Oliveira, é negócio de tostões sem peso na facturação global…