quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

É muita casinha

Dados:
Um concelho; 169 mil habitantes; uma empresa municipal de habitação; 46 bairros sociais; 4276 fogos; 17104 inquilinos (fogos x 4); 2,403 milhões de euros de rendas em 2009; 1,571 milhões de euros para investir na reabilitação de cinco bairros em 2009.
Conclusões:
1 – Há demasiada gente dependente da Câmara Municipal de Matosinhos para ter um tecto. Mais de 10% da população do concelho com um apoio para toda a vida (a não ser que deixem de pagar a renda). O que é mau, porque se a habitação é social deveria seguir-se a mesma regra de outros apoios sociais, garantidos apenas enquanto são necessários (numa perspectiva benevolente, está bom de ver).
2 – Temos uma empresa municipal que saca bastante mais em rendas (2,4 milhões) do que aquilo que investe em recuperação das casas (1,5 milhões). Só na aparência é que isto é bom. Pode parecer que se controla o défice, o que está na moda, mas na verdade esta é uma poupança que pagaremos (os que pagam impostos), com juros e correcção monetária, no futuro. A qualidade da construção em Portugal é má e a de habitação social é abaixo de cão. Matosinhos, por mais que se auto-elogie, não foge à regra. A degradação é rápida, também porque quem lá vive demonstra demasiadas vezes pouca estima pelo que lhe «deram» (é o problema de ser dado e arregaçado). Resultado, dentro de alguns anos estará tudo a cair de podre e custará muito mais dinheiro ao contribuinte que, queira ou não, ainda terá de pagar a Euribor, que não é subsidiada.
3 – Porque é que a nossa Câmara não vende pelo menos dois terços do casario aos seus actuais inquilinos? Não é preciso que ganhe dinheiro com isso, até as pode dar, ganha-se com o que se vai poupar no futuro. Ficar com um lote à volta de 1500 casas deve ser mais do que suficiente para gerir as situações mais aflitivas e para ter uma ou duas dezenas de fogos para casos de emergência social. Isto não significa que a Câmara abandone os seus deveres de intervenção social, é o contrário, aprofunda o apoio a quem verdadeiramente precisa dele.