Para que servem os carris da marginal? Há uns anos atrás, alguém sonhou com o regresso do eléctrico, unindo a linha costeira de Matosinhos e do Porto. Quando o projecto de remodelação da marginal de Matosinhos-Sul foi riscado por Souto Moura, incluíram-se então os carris. Se a memória não me atraiçoa, chegou a estar previsto um circuito em que o eléctrico entrava, a partir da rotunda, pela Rua de Brito Capelo, “cruzava-se” com a linha de metro na Avenida da República, voltando para Poente até à Praia do Titã, e seguiria então marginal fora, de regresso ao Porto. Não se tratou de um delírio. Pelo menos a colocação de carris mereceu o acordo e o financiamento da STCP, que iria explorar a linha. Mas como se confirma agora, o projecto está morto e enterrado. Porquê? Porque há dois/três anos, e a propósito da organização do Circuito da Boavista, Rui Rio mandou retirar os carris do viaduto do Parque da Cidade e trocou o paralelo pelo alcatrão. E finalmente, já por estes dias, a marginal marítima portuense também descarrilou, de novo para entrar o alcatrão. Não julguem que a mim não me irritavam o paralelo e os carris. Também tenho carro. Mas irrita-me ainda mais o desperdício de dinheiros públicos. Sobretudo quando ninguém parece preocupado em explicar porque se faz assim, para depois desfazer assado. Os senhores autarcas têm de começar a perceber que estão a gerir o dinheiro dos seus munícipes. E que portanto as contas não se prestam apenas de quatro em quatro anos. Os carris da marginal de Matosinhos-Sul também são para retirar? Ou são para ficar? E se é esse o caso, porque não se ouviu nenhum responsável autárquico de Matosinhos a pedir contas ao Porto, quando os nossos vizinhos decidiram deitar investimento público, deles e nosso, para o caixote do lixo? Há muitas perguntas para fazer a propósito disto, duvido é que haja respostas.