Esta parte não se via nas fotografias em baixo, mas adivinhava-se. É uma das coisas más desta terra, a mania de que basta a assinatura de um arquitecto prestigiado para que tudo se justifique.
Esta bizarma de tijolo e betão que parece capaz de entrar Calçadão dentro é da autoria de Alcino Soutinho. Um arquitecto que tanto faz obras admiráveis (por exemplo, os Paços do Concelho de Matosinhos ou o mais recente Museu do Neorealismo de Vila Franca de Xira) como bestialidades destas. Eu sei que isto assim, sem o reboco, parece pior do que vai ser, mas continua a ser uma ocupação brutal.
Quando a Câmara de Matosinhos autorizou este projecto, para o quarteirão da Gist-Brocades, vendeu-nos a imagem de uma densidade baixa, com uma extensa praça pública na frente. Ao olhar para o resultado, apetece dizer que mais valia terem metido a praça no bolso e fazerem uma coisa menos agressiva.
Mas este não é caso único, como todos bem sabemos. A aposta de Narciso Miranda e Manuel Seabra - quando faziam parelha na presidência e no pelouro do urbanismo - para Matosinhos-Sul foi, desde o início, a de construir sempre o máximo, com justificação de que Álvaro Siza defendia o mesmo. A gestão autárquica actual, pelos vistos, caminha alegremente no mesmo sentido.
O resultado está à vista de todos. É verdade que há prédios que, apesar da dimensão, têm alguma qualidade estética. Mas de que me vale tentar apreciar uma fachada desenhada por Soutinho, Souto ou Siza, se quando observo o conjunto me sinto massacrado por betão e tijolo?
É frequente dizer-se que as câmaras se acomodaram às receitas provenientes da construção e que é preciso mudar de sentido. Da boca dos autarcas, incluindo os nossos, também se ouvem frequentemente juras do género. Mas esquecem-se sempre de pôr em prática o que teorizam. Deve ser culpa dos direitos adquiridos.
Esta bizarma de tijolo e betão que parece capaz de entrar Calçadão dentro é da autoria de Alcino Soutinho. Um arquitecto que tanto faz obras admiráveis (por exemplo, os Paços do Concelho de Matosinhos ou o mais recente Museu do Neorealismo de Vila Franca de Xira) como bestialidades destas. Eu sei que isto assim, sem o reboco, parece pior do que vai ser, mas continua a ser uma ocupação brutal.
Quando a Câmara de Matosinhos autorizou este projecto, para o quarteirão da Gist-Brocades, vendeu-nos a imagem de uma densidade baixa, com uma extensa praça pública na frente. Ao olhar para o resultado, apetece dizer que mais valia terem metido a praça no bolso e fazerem uma coisa menos agressiva.
Mas este não é caso único, como todos bem sabemos. A aposta de Narciso Miranda e Manuel Seabra - quando faziam parelha na presidência e no pelouro do urbanismo - para Matosinhos-Sul foi, desde o início, a de construir sempre o máximo, com justificação de que Álvaro Siza defendia o mesmo. A gestão autárquica actual, pelos vistos, caminha alegremente no mesmo sentido.
O resultado está à vista de todos. É verdade que há prédios que, apesar da dimensão, têm alguma qualidade estética. Mas de que me vale tentar apreciar uma fachada desenhada por Soutinho, Souto ou Siza, se quando observo o conjunto me sinto massacrado por betão e tijolo?
É frequente dizer-se que as câmaras se acomodaram às receitas provenientes da construção e que é preciso mudar de sentido. Da boca dos autarcas, incluindo os nossos, também se ouvem frequentemente juras do género. Mas esquecem-se sempre de pôr em prática o que teorizam. Deve ser culpa dos direitos adquiridos.