sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Na rota do Equador



“Estava inebriado com o cheiro abafante a clorofila que vinha de terra, entorpecido pela humidade opaca do ar (…) Suspirou fundo, olhou a toda a volta, até onde as montanhas desapareciam na neblina húmida, e olhou também para trás de si, onde o azul do mar se fundia num horizonte perdido, e disse baixinho, como se recitasse poesia só para si: Eu vou gostar disto! Eu vou amar isto!”


“Equador”, o primeiro romance de Miguel Sousa Tavares, vendeu mais de 400 mil exemplares. Relata a saga de Luís Bernardo de Valença, nomeado governador de S. Tomé e Príncipe pelo rei D. Carlos, em 1905. Tinha como missão convencer os ingleses, principais importadores do cacau produzido em S. Tomé, de que não havia trabalho escravo nas roças do arquipélago. O personagem é ficcional, mas o romance fundamenta-se nos acontecimentos da época. E descreve um país fascinante.

Como o próprio autor já confessou, “um livro que reflecte a perspectiva de quem está a escrever quase como quem está a ver um filme”. Já houve quem lhe fizesse a vontade. Hoje mesmo estreia, na TVI, uma série de 26 episódios inspirada em “Equador”. A um dos livros mais vendidos de sempre, sucede a série mais cara de sempre da televisão portuguesa. Com um único senão: as cenas que no livro se passam em S. Tomé foram rodadas no Brasil. O que não impede o leitor e viajante de seguir, com facilidade, uma espécie de roteiro do “Equador”.



[Trabalho originalmente publicado na edição de 21 de Dezembro do JN]

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