A recente conferência de Imprensa de José Manuel Teixeira não é para levar demasiado a sério. Ninguém no seu juízo perfeito olha para o senhor e o imagina presidente de um clube que quer ser levado a sério.Não podemos negar os resultados desportivos que conseguiu, mas também não podemos esquecer que isso se ficou a dever a injecções de capital de terceiros. O que aliás, e apesar da eventual generosidade de quem o fez, é um modelo de gestão completamente errado. Qualquer clube, Leixões incluído, tem de sobreviver apenas com as receitas que é capaz de gerar. Se não forem suficientes para garantir a permanência na Liga, pois que seja na Honra.Mas se os planos do "karateca" não são para levar demasiado a sério, já o que deu origem ao seu "movimento" tem de ser motivo de reflexão séria. Mais do que a municipalização do Estádio do Mar [que só avançaria se a Câmara perdesse de vez a noção do serviço público e do ridículo], o que é preciso discutir é a proposta de Carlos Oliveira de reduzir a participação do clube na SAD para 15%.A garantia de que, sendo acções de tipo A, é possível impedir a venda do clube ou a sua dissolução, não é garantia de coisa nenhuma. Transformando-se a SAD numa verdadeira empresa, e assumindo que na nossa autarquia se impõe o bom senso e que as acções que detém serão vendidadas, o clube passa a ser apenas mais um accionista, e pequeno, com nulo poder de decisão. Não vejo vantagens em assegurar que se ficará com os ossos depois de outros comerem a carne.Por outro lado, Carlos Oliveira, um gestor competente, também devia saber que a transformação ou a dispersão de capital das SAD não deu qualquer resultado em nenhum dos clubes, grandes ou pequenos, da nossa praça portuguesa.Sabemos todos que, mesmo os chamados clubes grandes, que poderiam ter algum atractivo para miraculosos investidores, vivem esmagados por passivos gigantescos. E sempre com as acções em perda. Expliquem-me lá que interesse tem um investidor em comprar uma acção por cinco euros, sabendo que uma semana depois vale dois euros e dois anos depois vale 50 cêntimos.Admito que os haja, não porque estejam interessados no sucesso desportivo dos clubes, mas porque podem ser excelentes plataformas para "lavar" umas massas ou para ganhar uns milhares ou milhões em comissões com a compra e venda de passes de jogadores.Note-se que não acredito que seja esta a intenção de Carlos Oliveira. Admito que tenha em vista um projecto sério e estruturado. Mas se agora sabemos que lá está um gestor competente, no futuro, com as regras que nos propõe, será mais fácil que lá vá parar um "Sérgio Silva" qualquer.Eu voto não à proposta. Sou adepto da paixão clubística em estado puro. E acho preferível ter os pés assentes na terra estando em divisões inferiores, do que estar na Liga mas simultaneamente mais próximo do abismo.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
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