segunda-feira, 16 de junho de 2008

Exponor para quê?

“Se a Exponor XXI ficar na gaveta vai sentir-se traído?”

“Triste vou ficar. Porque é um projecto que mais ninguém consegue fazer. Hoje, se fosse eu a fazê-lo já não fazia aquele perfil, porque a AEP tem agora outras posições, como o Palácio de Cristal, que vão conflituar em certa medida com este. Tem de ser ajustado.”

Ludgero Marques, JN de 31 de Maio de 2008

Confusos? Também eu. O “dinossauro” estava de saída da AEP e deu uma entrevista de “balanço”. Sobre o emblemático projecto da Exponor XXI, saiu-lhe isto. Não diz nada. Melhor, não diz coisa com coisa. O que permite duas conclusões: uma é a de que Ludgero Marques está a precisar de descansar, a outra é que não há estratégia para os cerca de 200 mil metros quadrados que a Exponor ocupa em Matosinhos.
Para quem já não se lembra, em Setembro de 2006 foi apresentada a que então se apelidava de Exponor XXI. A velha feira de exposições, já com mais de 20 anos de uso, daria lugar a um espaço assente em três grandes áreas: um pólo tecnológico [com empresas ligadas às novas tecnologias e a saúde]; um novo centro de negócios [com aposta no comércio electrónico]; e o que se chamava uma zona económica, que mais não era do que negócio imobiliário para financiar um projecto orçado em 300 milhões de euros [hotel de cinco estrelas, estacionamento, zonas de habitação, escritórios, comércio e restauração].
Passaram quase dois anos e como todos sabemos já não se passa nada. O projecto megalómano que Ludgero Marques apresentou, com o aplauso da nossa Câmara, não tem pés [leia-se investidores] para andar. E é preciso encontrar um caminho, até para evitar a evidente degradação da Exponor, quer a económica, quer a urbanística.
Guilherme Pinto salientava, também há umas semanas, que a AEP tem a obrigação de esclarecer a Câmara de Matosinhos sobre as opções que decidir tomar. Eu acrescentaria que, como legítimo representante dos matosinhenses, não pode apenas ficar à espera. Tem de perguntar e, obtendo resposta ou não, esclarecer os cidadãos. Por outro lado, não se pode sentar á sombra de qualquer ideia que apareça. O Município tem o direito e o dever de intervir na decisão sobre o futuro daquele espaço. Até porque, se a resposta não lhe agradar, ou se nem sequer a conseguir, tem sempre nas mãos uma arma importante: os terrenos onde se construiu a Exponor são públicos. Convém lembrar isso à AEP.
Um repto final para os leitores deste blogue: em vez de comentários sobre quem é ou deixa de ser a primeira-dama, sobre se Narciso é ou não mais popular que Guilherme nas feiras, se as sondagens da Domp são piores que as da Eurosondagem, façam antes umas sugestões sérias sobre o que se devia fazer no que é hoje a decadente Exponor. Como dizem por aí que o presidente da Câmara e os seus vereadores costumam ler o que por aqui se escreve, pode ser que aproveitem as vossas boas ideias.