quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Qualidade de vida

O que vale hoje Matosinhos? Como medir a importância de uma cidade, um concelho? Haverá seguramente muitas formas. O que é habitual é recorrer à estatística, à pretensa exactidão dos números. Nos últimos dias, têm aparecido alguns comentários no blogue, atribuindo a Matosinhos o 11º lugar no ranking de municípios. Presumo que esta posição tenha a ver com o número de habitantes. Será por aí que se afere o valor de uma cidade, um concelho? É curto.A Universidade da Beira Interior publicitou há tempos um estudo em que estabelece um Indicador de Qualidade de Vida (IQV). Matosinhos aparece no 24º lugar entre 278 municípios de Portugal Continental. Atrás de concelhos como Lisboa (1º), Albufeira (2º), S. João da Madeira (3º), Porto (4º), Vila Franca de Xira (9º), Aveiro (10º) Portimão (12º), Marinha Grande (16º) ou Maia (21º), só para dar alguns exemplos próximos ou surpreendentes.Não vou estar aqui a publicar a lista exaustiva de dados de que os autores do estudo se socorreram para elaborar este IQV. Apenas meia dúzia de exemplos de uma lista interminável: o número de bibliotecas e centros de saúde, médicos, infantários, percentagens de população servidas por água e rede de esgotos, taxa de analfabetismo, percentagens de crimes contra o património e contra pessoas, número de licenças de habitação concedidas, taxa de emprego, levantamentos no Multibanco, etc, etc…Sem supresa, concluíram os investigadores do Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social [José R. Pires Manso e Nuno Miguel Simões] que os municípios da Grande Lisboa e do Algarve ocupam 14 dos primeiros 20 lugares. Sem surpresas, mas preocupante para Matosinhos e para todos os nossos vizinhos da Área Metropolitana do Porto (AMP). No fundo da escala estão municípios do Norte e do Centro (43 dos 50 últimos lugares!).Interessante também é alinhar o “ranking” entre os seis municípios que compõe o núcleo duro da AMP. Ou seja, o chamado Grande Porto, parcelas de uma mesma metrópole. O Porto é o mais bem posicionado no Indicador de Qualidade de Vida, com uma pontuação de 161,0 (4º lugar da tabela nacional). Seguem-se Maia com 127,9 (21º), Matosinhos com 125,9 (24º), Vila Nova de Gaia com 104,9 (50º), Valongo com 104,3 (54º) e Gondomar com 92,2 (91º).Para além do IQV geral, os autores apresentam também os resultados das três grandes parcelas em que dividiram o seu trabalho. Assim, e mantendo o ranking dos seis concelhos do Grande Porto, no “Factor Educação e Mercado de Emprego”: Maia (205,9 pontos), Porto (203,4), Matosinhos (198,3), V. N. Gaia (173,2), Valongo (170,8) e Gondomar (160,9). O primeiro a nível nacional é Albufeira (257,5).No “Factor infra-estruturas”: Porto (138,4), Matosinhos (51,0), Maia (47,3), V. N. Gaia (37,2), Valongo (37,2) e Gondomar (18,2). O primeiro a nível nacional, já adivinharam, é Lisboa (178,7).No “Factor ambiente económico e habitacional”: Porto (80,6), Matosinhos (40,8), Maia (35,9), Valongo (23,7), V. N. Gaia (20,1) e Gondomar (15,3). O primeiro a nível nacional é outra vez Lisboa (129,0).Em resumo, que o Porto esteja sempre à frente de Matosinhos, quer no IQV, quer nos índices parcelares não surpreende. O mesmo não se pode dizer da Maia, que a julgar pela amostra já tem melhor qualidade de vida que Matosinhos. E está bem à frente, sobretudo, em questões fundamentais como a educação e o emprego. Quem diria?

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Eleições vs Sondagens

PS - 42,27% //NM - 42,2%
PSD-PP - 30,89% // PS - 22,2%
CDU - 8,64% // PSD-PP - 20,2%
BE - 7,04% // CDU - 7,6%
PH - 0,58% // BE - 6,6%

Calma, não é mais uma sondagem, são apenas os resultados das últimas eleições autárquicas (à esquerda). Um pequeno suplemento para ajudar a perceber a sondagem que se publicou por aqui há uns dias (à direita). E já agora uma forma de empurrar a generosa Dalila Pink de Sousa um pouco mais para baixo e dessa forma aplacar a ira da clientela mais feminista, ou pelo menos pouco dada à exploração gratuita do corpo da mulher. Já recebi algumas advertências e não gosto de me meter em sarilhos. Adiante.Se quisermos levar a sondagem a sério [ou seja, se pusermos de lado o preconceito e aceitarmos que é um instrumento de trabalho feito com a intenção de perceber as tendências de voto e não um instrumento para assustar socialistas com o bicho papão], o que se percebe é que uma candidatura independente de NM rouba votos em todos os quadrantes. Nada de novo. Aconteceu sempre nos casos em que houve independentes (poucos) ou falsos independentes (vários) nas corridas às autarquias.Na verdade, más notícias nesta sondagem só há para o PS e para Guilherme Pinto. Passo a explicar. É o único recandidato assumido e ainda por cima com capacidade para fazer obra, anunciar promessas e aparecer regularmente na comunicação social, de manga arregaçada ou de fato e gravata. Se não passa dos 22,2% nesta altura, quando é que vai passar? Já ao PSD/PP, à CDU e ao BE a única coisa que lhes pode acontecer é crescer. Não têm candidatos assumidos, não têm a máquina de propaganda oficial do PS, nem a capacidade de atrair os media de Narciso Miranda. Mas quando chegar a pré e a campanha terão um pouco mais e isso vai ser suficiente para os fazer crescer.Imagino que isso acontecerá sobretudo à custa do pecúlio de Narciso Miranda. Mas não é difícil adivinhar que também à custa de parte do eleitorado que ainda se mantém fiel ao PS. Não sendo adivinho, como já escrevi noutras vezes, não é difícil de aceitar, olhando para estes números e para as tendências que reflectem, que um Narciso Miranda independente pode mesmo ganhar a Câmara. Se calhar sem maioria absoluta. Mas na verdade isso pode nem ser importante. Se a nova lei eleitoral autárquica vingar [será que Menezes o permite?], basta ficar em primeiro para garantir a maioria absoluta na Vereação. E quase aposto que no dia seguinte [se não for antes] à eleição já família "independente" e a família "socialista" estarão de novo unidas.PS - Já agora, para quem se esteja a perguntar, PH significa Partido Humanista

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Sondagem - Narciso na frente

Narciso Miranda (Independente) – 42,2% (45,5%)
Guilherme Pinto (PS) - 22,2% (23,8%)
João Sá (PSD) – 20,2% (18,9%)
Honório Novo (CDU) – 7,6% (7%)
Gonçalo Torgal (BE) – 6,6% (4,8%)

É a mais recente sondagem sobre as eleições para a presidência da Câmara Municipal de Matosinhos. O que está acima são já os resultados ponderados. Foi efectuada pela Eurosondagem durante este mês de Fevereiro. Um trabalho de prospecção com 1025 entrevistas e uma margem de erro de 3%. Não é ficção. Eu não tenho cópia, mas estive a ler. É bem real. [Entre parênteses, os resultados da sondagem de Julho de 2007, já publicada neste blogue]
Como se vê, e para além dos candidatos às últimas eleições pelos diferentes partidos, inclui de novo Narciso Miranda como independente. E este aparece outra vez com margem de vantagem tão grande que parece já estar tudo decidido. Claro está que falta aparecer um candidato “a sério” do PSD (Rui Moreira? Paulo Morais?...), mas também falta saber qual a fatia que um candidato “a sério” do PSD vai roubar ao já escasso pecúlio do PS. Verifica-se que há pequenas quebras de NM e GP face à sondagem de Julho. Pouco ou nada significativas, pelo menos em termos estatísticos, ficam talvez a dever-se ao clima de guerrilha que se viveu nos últimos meses. Ou aos efeitos do desgaste do PS a nível nacional.A sondagem, tal como a anterior, tem mais perguntas, que ajudam a perceber melhor o que se pode passar.

Por exemplo:
Se Narciso Miranda voltar a ser candidato a presidente da Câmara, qual a sua decisão?
Voto nele – 43,1%
Não voto nele – 36%
Tem dúvidas – 20,9%

Narciso Miranda manifestou disponibilidade para voltar a ser candidato pelo PS…
O PS deve apoiá-lo – 37,1%
É indiferente para Matosinhos – 21,7%
O PS não deve aceitar e deve escolher outro candidato – 19,5%
Não sabe/não responde – 21,7%

Quando se pergunta então em quem votaria, os resultados, sem ponderação, são os seguintes:
Narciso Miranda (Independente) – 37,5% (37,9%)
Guilherme Pinto (PS) – 19,7% (19,8%)
João Sá (PSD) – 18% (15,7%)
Honório Novo (CDU) – 6,7% (5,8%)
Gonçalo Torgal (BE) – 5,9% (4%)
Não sabe/não responde – 12,2% (16%)

Um dado curioso é perceber que a percentagem conseguida por Narciso Miranda é um pouco superior entre as mulheres (38,5%) do que entre os homens (36,4%). Outro dado interessante e até um pouco surpreendente, digo eu, é o resultado das respostas no escalão etário dos 18-30 anos. Também aqui NM consegue um resultado muito superior aos restantes, o que lhe abre perspectivas de futuro. O fenómeno BE nesta faixa etária não o prejudica tanto como a outros. Assim:
Escalão etário 18-30 anos
Narciso Miranda (Independente) – 34,4%
Guilherme Pinto (PS) – 15,3%
Gonçalo Torgal (BE) – 13%
João Sá (PSD) – 11,6%
Honório Novo (CDU) – 6%
Não sabe/não responde – 19,7%

Já agora, e só para terminar esta listagem de resultados, que já vai longa, a Eurosondagem aproveitou para perguntar aos matosinhenses como votariam agora, caso fossem eleições legislativas. E resultado foi este:

PS – 42,2%
PSD – 15,6%
CDU – 7,8%
BE – 7,5%
PP – 3,5%
Não sabe/não responde – 23,4%

Para que se faz e para que serve esta pergunta? Para perceber que Narciso Miranda vai buscar votos a todos os quadrantes. Todos os partidos têm mais votos em eleições nacionais [têm de somar o PSD e o PP e comparar com os resultados em bruto, sem ponderação] do que nas eleições locais. Como é óbvio, o grande 'massacre' fica reservado para o PS. Curioso é também perceber que a percentagem de indecisos, no que a eleições autárquicas diz respeito, é muito menor do que no caso de eleições nacionais. Mais uma vez um bom indício para NM.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A "Macro"

Está aí a nova macro-estrutura da Câmara Municipal de Matosinhos. Eu já a conheço e, mais do que isso, já tratei de pedir umas contas e de perguntar uns nomes. Ou seja, este ‘post’ não tem qualquer motivação ‘séria’, pretende apenas mostrar a quantidade de ‘massa’ que se gasta com tanto chefe e, depois, explicitar quem vão ser esses chefes. E são muitos [ver lista anexa]. Ou seja, isto é tudo pura demagogia. Mas da boa. E aposto que é capaz de provocar uma ou outra indisposição.Só para terem então uma pequena ideia, aquela coisa de se criar uma Divisão Constantino Nery [se não fosse dinheiro público, era de rir até às lágrimas, como se trata de dinheiro público, passamos por cima da parte do rir] é só um pormenor.A nova ‘macro’ [já a conheço tão bem que a posso tratar pelo diminutivo] prevê 11 directores municipais, 15 chefes de departamento e 31 chefes de divisão, no caso de serem preenchidos todos os lugares. Para terem termo de comparação, até aqui havia 5 directores municipais, 11 chefes de departamento e 27 chefes de divisão.O que é que isto significa em termos de custos? É só fazer umas contas. Mesmo que sejam de merceeiro. Cada director municipal ganha para cima de 4400 euros. E o encargo anual, assumindo que passam de 5 para 11, sobe de cerca de 300 mil para quase 700 mil euros. Com os directores de departamento, a factura deve passar de cerca de 500 mil para quase 700 mil euros (cada um recebe um pouco mais de 3200 euros mensais). E com os chefes de divisão a diferença andará na ordem dos 200 mil por ano, passando para um pouco mais de 1,2 milhões de euros anuais (cada um ganha à volta de 2800 euros mensais).Ou seja, as chefias da Câmara vão custar aos contribuintes [esta é das minhas partes favoritas no que à demagogia diz respeito] qualquer coisa como 2,5 milhões de euros por ano, quando até aqui ainda estava longe dos dois milhões. A mim ninguém me pediu opinião, mas parece-me uma pipa de massa quando nos exigem tantos apertos de cinto, quando nos aumentam impostos para diminuir o défice, ou quando muita gente não tem sequer que chegue para alimentar a família [nesta parte também podem dizer que, além de demagógico, sou trauliteiro, que eu não me importo].Feitas as considerações, fica aqui a lista de nomes que consegui apurar até ao momento. Com um pouco de sorte, alguns dos visados podem ter aqui notícia em primeira mão. Com um pouco de azar, haverá aqui um ou outro nome trocado. O que é normal, porque isto é mesmo muita gente. Finalmente, há alguns pontos de interrogação. Agora quem quiser que dê o seu contributo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Divisão Constantino

Correndo o risco de não estar a dar novidades a ninguém [em dois dias, entraram dezenas de comentários/informações e ainda não tive tempo para os ler], deram-me uma notícia bastante interessante sobre a nova macro-estrutura da Câmara de Matosinhos.
Então não é que a nossa autarquia vai ter, entre outras, uma Divisão Cine-Teatro Constantino Nery? Não é engano, vai mesmo chamar-se assim. E isso significa, claro está, que terá a correspondente hierarquia.
Calma, não comecem já a pensar que este "tacho" vai ser entregue à bem conhecida [pelo menos neste blogue] Luísa Pinto. Essa, pelos vistos, será "apenas" a programadora, como já por aqui se escreveu. Chefe de divisão é cargo que, explicam-me, faz parte da carreira de funcionário público e implica concurso e eu não acredito que alguém queira subverter estas regras.
Aproveito, por outro lado, para fazer mais umas sugestões para novas divisões. Fazem tanto sentido como a do Constantino. E ainda permitem melhorar o nível salarial dos funcionários públicos.
A Divisão Museu de Arquitectura de Matosinhos [ainda não existe, mas já há imagens virtuais e alguém tem de começar a habituar-se ao lugar], a Divisão Museu Quinta de Santiago [por exemplo para garantir a boa manutenção do espólio de obras de arte da autarquia que lá estão], a Divisão Quinta da Conceição [é certo que vai ser privatizada, mas alguém tem de controlar a boa aplicação do contrato de concessão que vier a ser assinado], a Divisão Pavilhão Municipal de Desporto [a Matosinhos Sport podia assim preocupar-se exclusivamente com as piscinas] ou a Divisão Piscina das Marés [pode ser que dessa forma volte a apresentar um aspecto digno]. São só algumas sugestões, assim à pressa.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Metro em Pedro Hispano

Já disse a alguns amigos que me questionam sobre “O Porto de Leixões” que isto ganhou vida própria. Já não interessa qual o tema proposto, por mim ou pelo Eugénio. Os comentários chovem, sobretudo os que têm a ver com a vida interna da Câmara. Não há problema nenhum nisso, estejam à vontade. Mas ainda assim vão ter que levar, de vez em quando, com ‘posts’ sobre assuntos mais ‘chatos’, como o que se segue, sobre o metro, concretamente as novas ligações que estão a ser estudadas entre Matosinhos e o Porto. É que, apesar desta discussão não se fazer aqui na nossa terra [nem esta, nem nenhuma], é um tema actual e que condicionará o desenvolvimento urbanístico de Matosinhos. E isso interessa-me.
Fiquei a saber por estes dias, por exemplo, que se uma das propostas estudadas por Álvaro Costa vingasse, poderia apanhar aqui ao pé de casa, na estação de Pedro Hispano, para além da linha que já cá passa, uma segunda linha que daqui seguiria para o Lidador, Antunes Guimarães, Fonte da Moura e, depois, avenida acima, até à Rotunda da Boavista.
É uma das três possibilidades que está a ser estudada para a chamada Linha da Boavista. As outras são o traçado “clássico” e uma ligação entre o Parque Real e a Fonte da Moura e outra vez pela Avenida da Boavista. [Não sei se dará para ver, mas à cabeça está uma reprodução da infografia que por estes dias se publicou no JN].
Se quem decide o fizer apenas tendo em conta o número de passageiros, não vai ser à porta de minha casa que vão fazer esta nova linha. As contas dos especialistas dão mais 632 clientes por hora, na ponta da manhã, se o traçado partir de Pedro Hispano. A versão pelo Parque Real dá mais 707 utentes. E a versão “clássica” da Avenida da Boavista dá mais 1114 clientes por hora. A única vantagem que tem a “minha” linha é o facto de ser mais curta, logo, digo eu, mais barata.
Outra informação vital para os matosinhenses tem a ver com a linha entre a Senhora da Hora e o Hospital de S. João, com passagem por S. Mamede de Infesta. Pelos vistos, e para minha surpresa, os territórios que cruza têm uma densidade e diversidade de ocupação menor do que os da Linha da Boavista [surpresa ou talvez não, porque esta passa em Aldoar].
Mesmo assim, segundo os especialistas, a linha por S. Mamede tem grande potencialidade, prevendo-se que possa trazer mais 469 passageiros por hora, na ponta da manhã [atenção que isto dos passageiros é medido apenas num sentido]. Se esta linha se fizesse, o ideal, ainda segundo os mesmos estudos, é que esta fosse a ligação directa preferencial entre o centro da cidade de Matosinhos e a Baixa do Porto.