1 - Não é costume, mas por vezes um comentário pode começar a ser escrito pelo título. A Europa de que se fala é, evidentemente, a Europa do Parlamento Europeu. Pela qual estamos em período de campanha eleitoral. Na verdade, ninguém parece muito interessado. E até passaria quase despercebida, não fossem - lá está a explicação para o título - os outdoors.
É só por darmos de caras com eles, em ajuntamentos de cinco e seis, numa rotunda ou num recanto ajardinado qualquer, que percebemos que se aproxima uma pugna eleitoral. A que os portugueses pouco ou nada ligam porque pouco ou nada do que se diz nesta campanha lhes interessa.
Os temas europeus são vagos e complexos, fogem deles os eleitores e os candidatos. E no que diz respeito a temas nacionais, sabemos todos que não são estes os actores que contam. O verdadeiro campeonato e os verdadeiros líderes só entram em jogo no final do Verão. Sobram portanto os outdoors.
São os próprios candidatos que valorizam o outdoor mais do que qualquer outro meio de comunicação. Ao ponto de já se fazerem notícias sobre os outdoors que estão para sair. E de os candidatos convocarem conferências de Imprensa para junto de um outdoor. Para promover uma mensagem oca, às vezes bacoca.
2 - Ponto prévio: Leonor Cipriano é um monstro que não merece a solidariedade de ninguém. Matou a filha, Joana. Teve o sangue frio suficiente para se livrar do corpo. E para montar uma encenação de rapto que comoveu os portugueses. Foi desmascarada, julgada e condenada a 16 anos de cadeia. Nem pouco, nem muito, a medida que um tribunal, formado por gente que conhece a lei, julgou razoável.
Leonor Cipriano é um monstro, mas é um ser humano. E vive, felizmente para ela, mas sobretudo para nós, num Estado de Direito. E foi por isso que seguiu por diante um processo contra inspectores da Polícia Judiciária, acusados de a terem espancado.
A sentença saiu por estes dias e foi, por assim dizer, salomónica. O tribunal deu como provado que a história da queda pelas escadas era uma fantasia, ou seja, que Leonor Cipriano foi torturada por inspectores da PJ. Só não deu como provado quem foram os torturadores.
Mas foi possível apurar uma outra coisa: que um ex-inspector chamado Gonçalo Amaral [que o acaso do desaparecimento de Maddie transformou, entretanto, numa vedeta do jet-set] mentiu sobre o que se passou. E foi condenado a uma pena de cadeia [suspensa] por isso.
É legítimo pensar que quem conta uma mentira o faz para encobrir a verdade. E se entregássemos Gonçalo Amaral às mãos de esbirros pouco escrupulosos, que lhe arrancassem a verdade à pancada? Como pelos vistos alguém, da Polícia Judiciária, que ele conhece, fez com Leonor Cipriano.
É só por darmos de caras com eles, em ajuntamentos de cinco e seis, numa rotunda ou num recanto ajardinado qualquer, que percebemos que se aproxima uma pugna eleitoral. A que os portugueses pouco ou nada ligam porque pouco ou nada do que se diz nesta campanha lhes interessa.
Os temas europeus são vagos e complexos, fogem deles os eleitores e os candidatos. E no que diz respeito a temas nacionais, sabemos todos que não são estes os actores que contam. O verdadeiro campeonato e os verdadeiros líderes só entram em jogo no final do Verão. Sobram portanto os outdoors.
São os próprios candidatos que valorizam o outdoor mais do que qualquer outro meio de comunicação. Ao ponto de já se fazerem notícias sobre os outdoors que estão para sair. E de os candidatos convocarem conferências de Imprensa para junto de um outdoor. Para promover uma mensagem oca, às vezes bacoca.
2 - Ponto prévio: Leonor Cipriano é um monstro que não merece a solidariedade de ninguém. Matou a filha, Joana. Teve o sangue frio suficiente para se livrar do corpo. E para montar uma encenação de rapto que comoveu os portugueses. Foi desmascarada, julgada e condenada a 16 anos de cadeia. Nem pouco, nem muito, a medida que um tribunal, formado por gente que conhece a lei, julgou razoável.
Leonor Cipriano é um monstro, mas é um ser humano. E vive, felizmente para ela, mas sobretudo para nós, num Estado de Direito. E foi por isso que seguiu por diante um processo contra inspectores da Polícia Judiciária, acusados de a terem espancado.
A sentença saiu por estes dias e foi, por assim dizer, salomónica. O tribunal deu como provado que a história da queda pelas escadas era uma fantasia, ou seja, que Leonor Cipriano foi torturada por inspectores da PJ. Só não deu como provado quem foram os torturadores.
Mas foi possível apurar uma outra coisa: que um ex-inspector chamado Gonçalo Amaral [que o acaso do desaparecimento de Maddie transformou, entretanto, numa vedeta do jet-set] mentiu sobre o que se passou. E foi condenado a uma pena de cadeia [suspensa] por isso.
É legítimo pensar que quem conta uma mentira o faz para encobrir a verdade. E se entregássemos Gonçalo Amaral às mãos de esbirros pouco escrupulosos, que lhe arrancassem a verdade à pancada? Como pelos vistos alguém, da Polícia Judiciária, que ele conhece, fez com Leonor Cipriano.
(*) Originalmente publicado na edição do JN de 25/05/2009
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