1. A governabilidade e a estabilidade política do país não dependem de um governo de maioria absoluta, diz Manuela Ferreira Leite. Mais, não tenciona pedir a maioria absoluta na campanha para as eleições legislativas, porque considera que isso é fazer chantagem sobre o eleitorado. Não, Manuela Ferreira Leite não passou a ser, de repente, líder do PP, do PCP ou do BE, partidos que, pelo menos nos tempos que vivemos, não podem aspirar a liderar um governo. Manuela Ferreira Leite continua a ser líder de um partido, o PSD, que sempre defendeu a maioria absoluta como garantia da governabilidade e da estabilidade política.
O que leva então a líder do PSD a dar o dito por não dito? Simples, a certeza de que não poderá vencer as eleições legislativas e de que o seu partido terá de esperar muitos anos para voltar a beneficiar do capital de confiança que chegou a ter no passado. Quanto ao anátema da chantagem, é apenas retórica. Estivesse Manuela Ferreira Leite [e o PSD] na posição de José Sócrates [e do PS] e diria exactamente o contrário, com a mesma convicção.
2. É verdade que a capacidade de mobilização foi caindo, mas continua a ser impressionante que, à terceira manifestação, ainda sejam tantos os professores na rua. Interessa pouco se foram 60 mil, como diz a PSP, ou se foram 80 mil, como dizem os sindicatos. Foram muitos, mais do que na verdade se esperava que fossem. Nos tempos em que vivemos, de apatia generalizada, em que o sinónimo de protesto passou a ser o preguiçoso acto de assinar uma petição qualquer na Internet, a força e a mobilização dos professores tem de ser vista com respeito e consideração. Concorde--se ou não com algumas das razões do protesto.
Mas uma coisa é a indignação e o protesto a que têm direito os professores. Outra coisa é um sindicato entrar em campanha eleitoral. A Fenprof, que se saiba, não vai a votos no próximo domingo, tão-pouco nas próximas legislativas. Resulta, por isso, bizarro ouvir Mário Nogueira dizer, perante a imensa plateia, que "não podemos admitir que volte a funcionar uma maioria absoluta". Ficámos todos a saber que não foi o líder do sindicato dos professores que discursou, sábado à tarde, em Lisboa, foi o militante do PCP que aspira a ser líder de um sindicato de voto.
3. Falta uma semana para as eleições europeias, por todos [candidatos e eleitores] considerada uma primeira volta das legislativas. A diferença daquela relativamente a esta é que terá um nível de abstenção elevado, o que dificulta previsões e poderá baralhar o resultado.
O que nos dizem as sondagens é que a diferença entre PS e PSD se mantém estável, em redor dos três pontos, com socialistas na frente. Começa a ser provável que se confirme nas urnas porque, a um exuberante Paulo Rangel, que ameaçava com uma vitória, o PS contrapôs o eficaz José Sócrates, quase fazendo esquecer que o cabeça-de-lista é o trapalhão Vital Moreira. No campeonato dos mais pequenos, reaparece a capacidade de mobilização da CDU, agora que a festa na rua tem mais impacto. Fica mais para trás o Bloco, porque Louçã é mais eficaz no Parlamento do que em campanha. E no PP luta-se pela sobrevivência, de tal maneira que Nuno Melo foi atirado borda fora para dar lugar ao omnipresente Paulo Portas.
O que leva então a líder do PSD a dar o dito por não dito? Simples, a certeza de que não poderá vencer as eleições legislativas e de que o seu partido terá de esperar muitos anos para voltar a beneficiar do capital de confiança que chegou a ter no passado. Quanto ao anátema da chantagem, é apenas retórica. Estivesse Manuela Ferreira Leite [e o PSD] na posição de José Sócrates [e do PS] e diria exactamente o contrário, com a mesma convicção.
2. É verdade que a capacidade de mobilização foi caindo, mas continua a ser impressionante que, à terceira manifestação, ainda sejam tantos os professores na rua. Interessa pouco se foram 60 mil, como diz a PSP, ou se foram 80 mil, como dizem os sindicatos. Foram muitos, mais do que na verdade se esperava que fossem. Nos tempos em que vivemos, de apatia generalizada, em que o sinónimo de protesto passou a ser o preguiçoso acto de assinar uma petição qualquer na Internet, a força e a mobilização dos professores tem de ser vista com respeito e consideração. Concorde--se ou não com algumas das razões do protesto.
Mas uma coisa é a indignação e o protesto a que têm direito os professores. Outra coisa é um sindicato entrar em campanha eleitoral. A Fenprof, que se saiba, não vai a votos no próximo domingo, tão-pouco nas próximas legislativas. Resulta, por isso, bizarro ouvir Mário Nogueira dizer, perante a imensa plateia, que "não podemos admitir que volte a funcionar uma maioria absoluta". Ficámos todos a saber que não foi o líder do sindicato dos professores que discursou, sábado à tarde, em Lisboa, foi o militante do PCP que aspira a ser líder de um sindicato de voto.
3. Falta uma semana para as eleições europeias, por todos [candidatos e eleitores] considerada uma primeira volta das legislativas. A diferença daquela relativamente a esta é que terá um nível de abstenção elevado, o que dificulta previsões e poderá baralhar o resultado.
O que nos dizem as sondagens é que a diferença entre PS e PSD se mantém estável, em redor dos três pontos, com socialistas na frente. Começa a ser provável que se confirme nas urnas porque, a um exuberante Paulo Rangel, que ameaçava com uma vitória, o PS contrapôs o eficaz José Sócrates, quase fazendo esquecer que o cabeça-de-lista é o trapalhão Vital Moreira. No campeonato dos mais pequenos, reaparece a capacidade de mobilização da CDU, agora que a festa na rua tem mais impacto. Fica mais para trás o Bloco, porque Louçã é mais eficaz no Parlamento do que em campanha. E no PP luta-se pela sobrevivência, de tal maneira que Nuno Melo foi atirado borda fora para dar lugar ao omnipresente Paulo Portas.
(*) Originalmente publicado no JN desta segunda-feira